O opositor russo, Alexei Navalny, foi envenenado a 20 de agosto de 2020. Salvo na Alemanha e detido na Rússia, agradece todo o apoio que tem recebido
A 20 de agosto de 2020, Alexei Navalny adoece num avião que voa de Tomsk para Moscovo. O avião aterra urgentemente em Omsk, o político é colocado em coma artificial e, dois dias mais tarde, transportado para Berlim. O governo alemão afirma que Navalny foi envenenado com um veneno dos agentes Novichok, tese confirmada pela pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW). A União Europeia impõe sanções, Navalny diz que Putin está pessoalmente por detrás do seu envenenamento. Uma investigação do Insider e o Bellingcat revela que Navalny foi envenenado por oficiais especiais FSB e, mais tarde, sabe-se que eles também atentaram contra a vida do político da oposição Vladimir Kara-Murza, Jr. e do escritor Dmitry Bykov.
Putin admite, de facto, a vigilância de Navalny mas, de uma forma peculiar, nega que tenha sido envenenado: "Se o quiséssemos fazer, tê-lo-íamos feito até ao fim". A Rússia nega a presença de veneno nas análises, acusa o ocidente de Russofobia, mas não abriu um caso criminal sobre o envenenamento. Na véspera do aniversário do envenenamento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo publica uma declaração onde acusa a Alemanha de reter informações e o ocidente de politizar a questão.
Enquanto se encontra no estrangeiro, o político é colocado na lista dos procurados, acusado de violar as condições da pena suspensa, a que tinha sido condenado, no caso Yves Rocher. Assim que chega a Moscovo é imediatamente detido. Dois dias depois é lançado um filme sobre "O Palácio de Putin", no qual Navalny trabalhou na Alemanha. Todo o país o vê. O filme bate o recorde de 118 milhões de visualizações no YouTube.
O tribunal condenou Navalny a uma pena real de dois anos e meio de prisão e uma multa de 850 mil rublos por alegada "difamação de um veterano".
Por toda a Rússia, milhares de pessoas tomam as ruas em apoio ao político. Os movimentos de apoio são reprimidos com uma dureza sem precedentes: milhares de detidos, centenas de presos, dezenas de casos criminais.
Na prisão, Alexei Navalny queixa-se da falta de cuidados médicos e entra em greve de fome, que só é interrompida quando, após uma campanha pública, os médicos idependentes são autorizados a vê-lo.
As autoridades esmagam as estruturas do político da oposição: o tribunal reconhece a Fundação Anticorrupção (FBK) como "organização extremista" e a Duma adopta uma "lei contra a FBK".
É negado o acesso às eleições a todos os que colaboraram com Navalny. Os companheiros do político são condenados por desrespeito das normas sanitárias nos protestos contra a sua detenção. Quase todos, como a advogada Lyubov Sobol deixam a Rússia e continuam a luta no estrangeiro.
No dia em que se assinala um ano sob o seu envenenamento, Alexei Navalny agradece, através das redes sociais a Alemanha que lhe salvo a vida e todas as ajudas e apoios que tem recebido.