A Euronews está no terreno e conversou com os residentes desta cidade, que relatam aquilo que têm vivido nos últimos meses devido à guerra.
A cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, tem sido alvo, nas últimas horas, de constantes bombardeamentos russos. O exército de Moscovo está a intensificar os ataques com o objetivo de voltara reconquistar esta localidade estratégica, após os militares ucranianos terem conseguido recuperar o controlo da cidade.
De acordo com o exército da Ucrânia, os mais recentes ataques terão feito quatro mortos e dez feridos.
A Euronews está no terreno e conversou com os residentes desta cidade, que relatam aquilo que têm vivido nos últimos meses, devido à guerra.
Irina, professora de inglês, começou por dizer, em entrevista, que a mãe e a irmã estão em Kherson e que vivem no centro da cidade, mesmo ao lado da margem do rio. Questionada pela Euronews sobre se as levará consigo, no caso de abandonar a cidade, a resposta não tardou: "Sim, penso que sim. Somos família".
Depois de sobreviverem a mais de oito meses de ocupação russa, isto é o que os residentes de Kherson estão a viver nestes dias: bombardeamentos constantespor parte das tropas russas, agora redistribuídas a sul do rio Dnipro.
Irina e a filha mostram-se sem palavras perante o cenário de guerra que observam diante dos seus olhos e admitem que o exército russo nunca esteve tão perto.
Equipa da Euronews obrigada a mudar de local devido a ataques russos
No momento em que tentávamos gravar uma entrevista com Irina e a filha, o sistema de defesa aéreo da Ucrânia intercetou três roquetes. A equipa da Euronews foi obrigada a mudar de sítio, mas, neste momento, é difícil dizer que local é seguro em Kherson devido à quantidade de ataques.
Muitas pessoas experienciam aqui, pela primeira vez, os horrores dos bombardeamentos aleatórios. Os residentes ressalvam, contudo, que os ucranianos nunca bombardearam áreas civis enquanto tentavam reconquistar a cidade.
Entretanto, Irina conta-nos que, após suportar a pressão psicológica da ocupação, pensou que não teriam de abandonar as suas casas, mas isso agora mudou.
“Não tivemos luz durante uma semana e agora, na segunda-feira, já faz três semanas. Eu não sabia o que fazer. Não sabia como viver com eles porque queria viver com o meu povo ucraniano e todos os dias despedia-me dos meus amigos porque eles decidiam afastar-se de Kherson. Nunca esquecerei o que senti", disse ainda em entrevista à Euronews.
Agora é a família de Irina que pondera deixar Kherson.