Sem véu xadrezistas iranianas desafiam governo islâmico

Sem hijab, foi assim que Sara Khadem e Atousa Pourkashiyan importantes jogadoras de Xadrez, nascidas no Irão, se apresentaram no Campeonato do Mundo de Xadrez Rápido e Blitz, que decorreu no Cazaquistão. Um gesto que está a ser visto como de protesto contra a repressão governamental, como fizeram outras figuras públicas do país.
O que distingue as duas jovens é que Sara representou o Irão, e tem mais a perder por não usar o véu, obrigatório segundo o código de vestuário islâmico feminino, do que Atousa que se apresentou pelos Estados Unidos.
A posição de Sara Khadem mudou desde 2016 quando, e durante uma competição onde se apelava ao boicote ao hijab, como forma de protesto, a jovem se dizia habituada a usá-lo e desvalorizava a situação.
Da morte de Amini aos protestos sangrentos
Em setembro, com a morte às mãos da polícia da moral de Mahsa Amini, por alegadamente violar o referido código, eclodiram protestos em várias cidades do país. Manifestações que se transformaram num grito pelo fim do atual regime. Um dos desafios mais fortes e duradouros à teocracia iraniana desde os anos caóticos que se seguiram à Revolução Islâmica de 1979.
A repressão não se fez esperar. De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos pelo menos 506 pessoas foram mortas e 18.000 detidas, entre elas figuras públicas iranianas.
Taraneh Alidoosti, uma das atrizes mais famosas do país, está detida por difundir informações falsas sobre os protestos. O principal sindicato de trabalhadores da indústria cinematográfica do Irão, a "Casa do Cinema", fala em 13 atrizes na prisão na sequência dos protestos.