Seis meses de governo de Giorgia Meloni em Itália

Giorgia Meloni é a primeira mulher a liderar o governo italiano.
Giorgia Meloni é a primeira mulher a liderar o governo italiano. Direitos de autor AP Photo/Gregorio Borgia
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É precisamente a nível interno que Meloni consegue ser mais fiel às promessas eleitorais e ao seu perfil de extrema-direita

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Giorgia Meloni chefia o governo italiano há já meio ano. A primeira-ministra chegou ao poder com um partido político de extrema-direita - o Irmãos de Itália - e com a promessa de abalar a União Europeia, enquanto apregoava o lema "Deus, pátria e família".

Cecilia Sottilotta, professora de Ciência Política na Universidade para Estrangeiros de Perúgia, em Itália, faz um balanço destes primeiros seis meses. 

A docente conta que "Meloni começou imediatamente um trabalho de comunicação muito cuidadoso e manteve um perfil muito discreto, de certa forma, mas um perfil muito tranquilizador a nível internacional".

"Portanto, teve imediatamente o cuidado de tranquilizar os aliados, em primeiro lugar, os Estados Unidos e a NATO. Reafirmou imediatamente o compromisso italiano para com a União Europeia. Assim, em termos de política internacional, posicionou-se bem em linha com Draghi [o anterior primeiro-ministro]", explica Sottilotta. 

não há nem vestígios das posições soberanistas que Meloni pregava antes de se tornar a primeira mulher a liderar o governo em Itália. Além disso,a relação com a União Europeia mantém-se, senão o país deixaria de receber subsídios.

No entanto, a primeira-ministra promete que vai acabar com o atual rendimento mínimo garantido a partir do próximo ano. 

É precisamente a nível interno que Meloni consegue ser mais fiel às promessas eleitorais e ao seu perfil de extrema-direita,com medidas como um decreto-lei contra as raves, o impedimento do registo civil de filhos de casais homossexuais e a lei que limita a atuação das organizações não governamentais que resgatam imigrantes.

Não sendo capaz de cumprir plenamente as promessas eleitorais, o governo está a mudar um pouco para as batalhas culturais, que, de certo modo, são gratuitas. E agradam e piscam o olho ao seu eleitorado.
Cecilia Sottilotta
Professora Ciência Política, Univ. Perúgia

Nestes seis meses, Meloni percebeu que os seus principais adversários não são da oposição.São antes os seus próprios aliados no governo de coligação: o partido Liga, de Matteo Salvini, e o Força Itália, de Berlusconi.

"Claramente, tanto Berlusconi como Salvini não são aliados fáceis de gerir. A questão do género também é muito importante, ou seja, o facto de ela ser mulher importa muito", acredita a professora universitária. 

"Berlusconi, por uma série de razões, em particular de saúde, está certamente num momento de fraqueza. Salvini mantém-se no seu lugar, por assim dizer. Ou seja, em ambos os casos, se olharmos também para as sondagens e para a tendência de consenso, não há nenhum incentivo francamente, para que a Força Itália ou a Liga ponham em risco a solidez da coligação", esclarece Sottilotta.

A economiaitaliana cresceu 3,7% em 2022. Os ventos económicos sopram então a favor de Meloni, embora enfrente o desafio da dívida: a segunda maior da Europa, apenas atrás da Grécia.

Outro grande desafio é a baixa natalidade. Em Itália nascem menos de sete bebés por cada mil habitantes. O governo acaba de prometer zero impostos para quem tenha filhos, promessa esta que vai ser revista daqui a pelo menos outros seis meses.

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