A euronews falou com vários médicos europeus para conhecer os problemas que o setor atravessa e que são transversais a vários países
Manifestações, greves... os médicos em Portugal não escondem o descontentamento pela sua situação profissional mas a insatisfação da classe não conhece fronteiras. Os protestos e as reivindicações são partilhados por médicos de Espanha, França e Itália.
A saúde europeia está doente e a euronews falou com profissionais dos quatro países para conhecer os sintomas:
Federico di Renzo, Sindicato dos Médicos Autónomos de Itália
"Um dos principais problemas que temos em Itália é, sem dúvida, uma carga de trabalho excessiva: o número de pacientes a apoiar por um médico de família é frequentemente demasiado elevado, o que, obviamente, pode comprometer a qualidade dos cuidados prestados e a acessibilidade dos serviços de saúde. O número médio de pacientes é de 1070 para um médico de família."
Jorge Roque Cunha, Sindicato Independente dos Médicos de Portugal
"Neste momento, o nosso rendimento bruto no setor da saúde é um dos mais baixos de toda a União Europeia e mesmo de todos os países da OCDE. Um médico ganha 41 000 euros por ano, um especialista que trabalhe 40 horas."
Gabriel del Pozo Sosa, Secretário-Geral da Confederação Estatal de Sindicatos Médicos de Espanha
"Há colegas que estão de baixa por doença porque a situação já os ultrapassou, porque são fisicamente incapazes de lidar com a carga de trabalho. E, psicologicamente, também estão sobrecarregados."
Jean-Marcel Mourgues Vice-Presidente do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos de França
"Há algo que não foi medido e que é muito complexo, que é provavelmente e infelizmente, um excesso de mortalidade evitável devido ao facto de o tratamento ser administrado demasiado tarde, por falta de rastreio, de mensagens de prevenção e de atrasos no tratamento após o diagnóstico."