As sondagens sugerem que os conservadores no poder ganhem o escrutínio, mas percam a maioria e precisem da extrema-direita para governar.
Na Polónia, após uma campanha muito disputada, em que os partidos e os respetivos líderes não hesitaram em lançar ataques pessoais aos adversários, os eleitores são chamados a escolher o rumo político para o país.
O professor universitário Wiesław Słowik, lamenta o nível da campanha: “Incomoda-me que haja pouca cultura, que os dois principais partidos apresentem um nível de civilização muito baixo, enquanto os partidos que fazem mais sentido, infelizmente, não tenham o poder de avançar.”
O confronto é entre o partido governante "Lei e Justiça" (PiS), liderado por Jarosław Kaczyński, e a "Coligação Cívica", liderada pelo partido "Plataforma Civica" (PO) com Donald Tusk como chefe.
O PiS é um movimento eurocético de direita conservadora, que governa a Polónia desde 2015. O seu líder, Jarosław Kaczyński, é formalmente vice-primeiro-ministro e chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, mas os meios de comunicação social chamam-lhe governante de facto do país.
A “Plataforma Cívica” sob o comando do proeminente político da UE e antigo primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, quer afastar-se dos métodos conservadores do PiS. Tusk insiste que esta eleição é a mais importante desde a queda do comunismo na Polónia em 1989. Segundo ele, o futuro europeu do país está em jogo.
Pesquisas recentes sugerem que o PiS lidera as intenções de voto e tem grande probabilidade de vencer, mas certamente perderá a maioria.
Estima-se que cerca de 8% dos eleitores só tome uma decisão no dia do voto.
As escolhas possíveis dos polacos
Desde que assumiu o poder, o partido conservador e nacionalista reforçou as leis sobre o aborto na Polónia, construiu um muro na fronteira com a Bielorrússia com o objetivo de impedir a migração irregular e promete continuar a sua política anti-migração e opor-se aos planos da UE relativos à partilha de migrantes.
O governo também entrou em conflito com a UE por violações dos princípios democráticos, levando ao congelamento de milhares de milhões de euros de fundos de recuperação da pandemia destinados à Polónia. O partido Lei e Justiça quer menos autoridade da UE nos 27 países membros.
O governo conservador polaco aumentou os gastos militares e tem sido um forte apoiante da Ucrânia após a invasão russa em grande escala, embora a relação tenha sido recentemente afetada pelo conflito relativamente aos cereais.
O executivo ganhou popularidade devido aos benefícios pecuniários para famílias e reformados e prometeu expandir esses programas se for reeleito.
A coligação centrista, dominada pelo partido Plataforma Cívica, que agrega mais três pequenos partidos, entre os quais os verdes, promete laços mais fortes com a UE e resolver as divisões que acusa o partido do governo de criar na sociedade polaca. Também acusa o governo de minar o Estado de direito na Polónia e promete liberalizar a lei do aborto e libertar os meios de comunicação estatais do controlo governamental. Promete ainda aumentar em 30% os salários dos professores, que estão a abandonar a profissão.
Para além da Plataforma Cívica e do PiS, outras forças políticas concorrem a esta eleição, como a Terceira via, uma coligação do partido centrista Polónia 2050 e do Partido Popular Polaco agrário, PSL; a Confederação Liberdade e Independência, de extrema-direita e anti-UE que quer mais proteção nas fronteiras polacas e menos apoio à Ucrânia; a Nova Esquerda, um partido social-democrata que defende a separação da Igreja do Estado e um imposto sobre os bens da Igreja Católica da Polónia, para além da flexibilização da lei do aborto.
As sondagens sugerem que o atual governo provavelmente precisará do apoio da Confederação Liberdade e Independência para permanecer no poder, se perder a maioria.