O Vlaams Belang, partido de extrema-direita separatista, lidera as intenções de voto na Bélgica, para as eleições de junho, nas quais os cidadãos escolherão os representantes regionais, nacionais e europeus.
O Vlaams Belang tem 23,5% dos eleitores na Flandres, a parte norte do país, de língua neerlandesa, mais rica e mais populosa do que a Valónia (francófona, no sul), de acordo com um inquérito da IPSOS para a Euronews. O partido tem um objetivo claro: fazer da Flandres um Estado independente.
"A Flandres é a potência demográfica, política, financeira e económica da Bélgica. O problema é que só temos 50% do poder político e há uma transferência financeira da região, de direita, da Flandres para a região, de esquerda, da Valónia, onde falam francês e que é próxima da França. Estamos fartos de pagar as suas contas", disse Tom Vandendriessche, eurodeputado eleito pelo Vlaams Belang, partido que pertence à bancada Identidade e Democracia no Parlamento Europeu, em declarações à Euronews.
O sucesso de Vlaams Belang enquadra-se no aumento do populismo e do extremismo por toda a Europa, mas as razões de natureza económica são há muito invocadas.
“Muitos flamengos consideram que estão a ser prejudicados pela Valónia, a parte sul do país, e que fariam melhor se fossem independentes. É o mesmo fenómeno que vimos com o Brexit, por exemplo", refere François Gemenne, politólogo da HEC Paris.
A separação "negociada"
A estratégia do Vlaams Belang é aliar-se ao partido conservador flamengo Nova Aliança Flamenga (NVA), após as eleições. Juntos, poderiam alcançar a maioria dos assentos no Parlamento Flamengo e, eventualmente, declarar a Flandres como um Estado soberano.
Algo que poderia ser feito de forma negociada e ordenada com o governo da Valónia, alegam.
No entanto, as pessoas na cidade flamenga de Mechelen entrevistadas pela Euronews não parecem concordar.
"Na verdade, sinto-me belga. O nosso país já é bastante pequeno, por isso seria uma pena dividi-lo", disse Sandrine, funcionária. "Acho que não está bem porque a Bélgica já é um país pequeno. Não quero que seja muito menor", afirmou o estudante Jordy. A estudante Emily disse que prefre "continuar na Bélgica, como está agora".
O Vlaams Belang afirma que o eventual novo país continuaria a ser membro da União Europeia e da NATO. Contudo, outra das suas ambições é transformar a UE numa organização de cooperação económica entre nações soberanas, sem qualquer integração federalista.