Este "marco político fundamental" espera demonstrar a vontade global de uma ação climática mais ambiciosa.
Os líderes mundiais vão reunir-se com o objetivo de manter vivo o Acordo de Paris.
A Cimeira da Ambição Climática terá lugar a 20 de setembro, depois de os chefes de Estado e de Governo se reunirem para as conversações gerais da ONU.
Na sequência da publicação do Global Stocktake - o primeiro "boletim" mundial sobre as alterações climáticas - é evidente que alguns países estão a ficar para trás nas suas promessas. Esta cimeira espera dar o pontapé de saída para novos compromissos ambiciosos, transformando as palavras em ações.
Nas palavras do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, "O mundo está a ver - e o planeta não pode esperar".
O que está em cima da mesa na Cimeira da Ambição Climática?
A ONU afirma que a Cimeira sobre a Ambição Climática representa um "marco político fundamental" na demonstração de uma vontade coletiva de acelerar os esforços para manter o aquecimento global a 1,5ºC.
A Cimeira surge na sequência de um apelo de Guterres aos países - especialmente aos membros do G20 - para que cooperem na aceleração da ação climática. A lista de tarefas inclui o debate sobre a melhor forma de passar dos combustíveis fósseis para as energias limpas, a redução rápida das emissões e o compromisso com uma ação baseada na ciência.
Os três pilares fundamentais da cimeira são a ambição, a credibilidade e a implementação.
A justiça climática é outro dos temas prioritários da agenda. Embora as pessoas dos países menos responsáveis pela crise climática sofram o pior dos seus impactos, precisam de ajuda para se adaptarem e recuperarem das perdas e danos.
Na recente Cimeira Africana sobre o Clima, os chefes de Estado africanos apelaram a um imposto global sobre o carbono para financiar recursos para as nações mais pobres. A proveniência do dinheiro para perdas e danos será provavelmente um importante tema de discussão.
A credibilidade das promessas de emissões líquidas zero também está na ordem do dia. Foi pedido aos países que tomassem "ações concretas e claramente definidas" para atingir as metas - o mais próximo possível de 2040 para os países desenvolvidos e de 2050 para os países emergentes.
Mas o que constitui um compromisso credível de emissões líquidas zero? Como pode o mundo garantir que os compromissos voluntários se concretizam? E como evitar o "greenwashing"? A cimeira espera que alguns dos líderes mais ambiciosos das empresas, cidades e regiões possam mostrar aos outros o caminho a seguir.
Quem vai estar presente na Cimeira da Ambição Climática?
António Guterres convidou os líderes mundiais para ouvir os "pioneiros e executores" do governo, da sociedade civil, das autoridades locais, das finanças e das empresas.
De acordo com o Secretário-Geral da ONU, a Cimeira pretende dar a conhecer os líderes que responderam ao seu apelo para uma ação acelerada, ou seja, aqueles que apresentam " ações climáticas credíveis, e soluções baseadas na natureza que farão avançar a agulha e responderão à urgência da crise climática".
Os líderes e chefes de Estado das maiores economias do mundo, incluindo o Presidente dos EUA, Joe Biden, deverão estar presentes, mas alguns já confirmaram que não irão participar, como o Primeiro-Ministro do Reino Unido, Rishi Sunak. Será o primeiro primeiro-ministro do país, numa década, a evitar a assembleia geral da ONU.
A recente decisão do Reino Unido de aprovar novas jazidas de petróleo e gás no Mar do Norte e os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris podem levar a que o primeiro-ministro britânico não seja bem-vindo aos debates.
Apesar de outros membros do governo britânico estarem presentes, os ativistas do grupo da sociedade civil #StopRosebank consideraram a decisão de Sunak "francamente embaraçosa".
Alguns questionaram também a inclusão dos líderes dos países mais poluentes do mundo, afirmando que a sua participação compromete a ambição da cimeira. Mas ainda não se sabe se Guterres vai excluir os países que não estão no bom caminho para cumprir os compromissos assumidos no Acordo de Paris.