UE deve esforçar-se na corrida às tecnologias para transição ecológica

No ano passado, tinha a maior quota de produção de eletricidade eólica e solar das principais economias mundiais
No ano passado, tinha a maior quota de produção de eletricidade eólica e solar das principais economias mundiais Direitos de autor Mel Evans/AP2008
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De  Gregoire Lory
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Artigo publicado originalmente em inglês

A União Europeia (UE) ainda não ficou para trás na corrida mundial às tecnologias de emissões líquidas nulas, apesar dos receios de uma perda de competitividade.

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Embora a China seja claramente líder na utilização de tecnologias para a obtenção de energia de fontes renováveis e para fabricar veículos elétricos, a UE não fica muito atrás, de acordo com um novo estudo publicado pela Strategic Perspectives, um grupo de reflexão centrado na ação climática, sedeado em Bruxelas.

No ano passado, o bloco tinha a maior quota de produção de eletricidade eólica e solar entre as principais economias do mundo.

A UE tem, também, a maior utilização de automóveis elétricos per capita em comparação com outras grandes economias e está a adiantar-se aos seus concorrentes no investimento em bombas de calor, uma alternativa mais limpa às caldeiras a gás, carvão e combustível.

O estudoutiliza dados sobre a produção e o investimento para apresentar uma comparação inédita da implantação de tecnologias ligadas à transição ecológica em cinco grandes economias: China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Índia.

Os autores argumentam que, ao investir em tecnologias verdes, os países podem aumentar a sua vantagem competitiva e garantir benefícios sociais e económicos para as suas populações.

O estudo elogia a UE por ter iniciado o Pacto Ecológico Europeu, um quadro de políticas para alcançar, em 2050, a neutralidade de emissões de gases poluentes, que causam alterações climáticas. Ao fazê-lo "no momento certo", ajudou a reforçar a posição do bloco face à China, um poderoso produtor de painéis solares e veículos elétricos.

A concorrência vinda dos EUA

No entanto, a UE precisa de "aumentar a produção interna e o apoio financeiro a estas tecnologias nos próximos anos", caso contrário corre o risco de ficar para trás.

Os dados também confirmam que a Lei de Redução da Inflação (IRA), o programa de créditos fiscais e descontos no valor de quase 400 mil milhões de dólares, aprovado pelo governo dos EUA, em 2022. O programa visa incentivar o fabrico nacional de tecnologia para a transição climática e pode impulsionar o desempenho económico dos Estados Unidos.

A estratégia dos EUA alimentou o receio de que as empresas da UE se desloquem para o outro lado do Oceano Atlântico, a fim de beneficiarem dos generosos subsídios, desferindo um golpe fatal na competitividade do bloco e na liderança mundial em matéria de ação climática.

O pânico é tal que a Comissão Europeia se viu obrigada a apresentar, em tempo recorde, uma nova estratégia industrial para aumentar drasticamente a produção interna de tecnologia que combatam as emissões poluentes,  nomeadamente de dióxido de carbono.

Esse plano, que ainda está a ser negociado, complementa um quadro jurídico que facilita aos Estados-membros a atribuição de subsídios para estes setores.

O relatório da Strategic Perspectives oferece uma réstia de esperança: o Pacto Ecológico "pode tornar-se a melhor resposta estratégica às múltiplas crises que a Europa enfrenta, melhorando a sua segurança energética, restaurando a sua competitividade e protegendo os agregados familiares das elevadas facturas de energia", afirma.

Linda Kalcher, directora da Strategic Perspectives, disse à Euronews que "cabe à próxima Comissão" levar o Pacto Ecológico para o nível seguinte.

"É fundamental que se intensifique, especialmente porque vimos como a Lei de Redução da Inflação trouxe os EUA de novo para a linha da frente", acrescentou, acrescentando que "há uma ameaça real de que a UE fique atrás dos EUA".

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