Eurodeputados pedem "pausa humanitária" para travar massacre em Gaza

Um homem palestiniano transporta uma mulher idosa para o local de uma explosão mortal no hospital al-Ahli, na Cidade de Gaza, quarta-feira, 18 de outubro de 2023\.
Um homem palestiniano transporta uma mulher idosa para o local de uma explosão mortal no hospital al-Ahli, na Cidade de Gaza, quarta-feira, 18 de outubro de 2023\. Direitos de autor Abed Khaled/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
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De  Mared Gwyn Jones
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Artigo publicado originalmente em inglês

O Parlamento Europeu adotou, quinta-feira, uma resolução em que apela a uma "pausa humanitária" e pede aos govermos e instituições da União Europeia (UE) que ajudem a encontrar soluções práticas para poupar vidas na Faixa de Gaza.

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A resolução, que não tem qualquer peso jurídico, surge depois de os Estados Unidos terem vetado um texto semelhante do Conselho de Segurança da ONU que apelava a pausas humanitárias para entregar ajuda vital a milhões de pessoas em Gaza.

Os embaixadores dos países árabes junto da UE criticaram, também esta quinta-feira, a falta de ação decisiva do bloco e a sua incapacidade de apelar a um cessar-fogo.

"Estou a pedir mais. Peço à União Europeia que utilize imediatamente todos os seus meios para pressionar Israel, para que este país aceite que tem de parar com os massacres, os ataques contra civis, crianças e mulheres em Gaza", disse Abdelrahim Alfarra, embaixador da Autoridade Palestiniana junto da UE, numa con ferência de imprensa, em Bruxelas.

"A União Europeia e os seus Estados-membros têm não só uma responsabilidade moral, mas também a responsabilidade de serem coerentes com os princípios fundadores da União. E é de acordo com esses mesmos princípios que lhes dizemos que a duplicidade de critérios não é de todo aceitável", acrescentou o embaixador.

É necessário um cessar-fogo total por parte de todas as partes e o fim do cerco a Gaza. Esta é a única forma de levar ajuda humanitária suficiente e assistência vital aos civis.
Vittorio Infante
Especialista em conflitos, Oxfam

Várias organizações não-governamentais também criticaram o Parlamento Europeu pelo seu "gesto tímido" de apelar a uma pausa humanitária em vez de um cessar-fogo total.

Vittorio Infante, especialista em conflitos da Oxfam, afirmou que "é necessário um cessar-fogo total por parte de todas as partes e o fim do cerco a Gaza. Esta é a única forma de levar ajuda humanitária suficiente e assistência vital aos civis".

A União Europeia tem sido alvo de críticas pela sua resposta descoordenada ao conflito, incluindo declarações contraditórias sobre a potencial suspensão da ajuda crítica aos territórios palestinianos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também tem sido alvo de críticas pelo seu firme apoio a Israel e pela sua hesitação em apelar ao respeito do direito humanitário internacional.

A ajuda humanitária via Egito

A comunidade internacional tem instado o Egipto, que faz fronteira com o sul da Faixa de Gaza, a abrir corredores humanitários para que a ajuda possa chegar aos que fogem do conflito. Centenas de milhares de habitantes de Gaza fugiram para sul depois de Israel ter ordenado a evacuação do norte do enclave antes de uma possível invasão terrestre.

O embaixador egípcio na UE disse, na quinta-feira, que a noção de que o Egipto se recusa a abrir a sua passagem para Gaza é simplesmente falsa.

"Nunca a fechámos e isso deve ser entendido", disse o embaixador Badr Abdelatty. "Garanto-vos que a passagem nunca foi fechada do lado egípcio. O problema é que a outra parte da passagem foi bombardeada quatro vezes", disse, numa refência à ação militar de Israel em Rafah, do lado de Gaza.

A Comissão Europeia anunciou, no início da semana, que iria enviar voos de ajuda humanitária para Gaza até à fronteira egípcia, estando prevista a partida de dois voos esta semana. Na terça-feira, após uma reunião extraordinária dos líderes da UE, von der Leyen afirmou que a Comissão está "em contacto com as autoridades egípcias para permitir que a nossa ajuda (da UE) entre em Gaza".

Os embaixadores árabes também afirmaram que Israel é responsável pelo ataque ao hospital árabe Al-Ahli, onde morreram centenas de pessoas. Israel afirma que o ataque foi causado por um foguete disparado pela Jihad Islâmica palestiniana, um grupo militante.

Os membros do Parlamento Europeu juntaram-se aos apelos a uma investigação independente sobre as causas da explosão.

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