Líderes da UE debatem guerra Israel-Hamas para clarificar estratégia

A reunião extraordinária dos dirigentes da UE para debater a guerra entre Israel e o Hamas realizar-se-á na terça-feira por videoconferência.
A reunião extraordinária dos dirigentes da UE para debater a guerra entre Israel e o Hamas realizar-se-á na terça-feira por videoconferência. Direitos de autor European Union, 2023.
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De  Jorge Liboreiro
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Artigo publicado originalmente em inglês

Os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) vão reunir-se, por videoconferência, na terça-feira, para debater os últimos desenvolvimentos da guerra entre Israel e o Hamas e esclarecer a posição comum do bloco.

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A reunião extraordinária, convocada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, surge após uma semana de mensagens descoordenadas e, por vezes, contraditórias, enviadas por altos funcionários, tanto pessoalmente como nas redes sociais.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi criticada por vários setores devido a uma forte posição de apoio a Israel desde o dia dos ataques (7 de outubro) e na visita a este país, a 14 de outubro, que incluiu uma reunião com primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, sem referências à necessidade de proporcionalidade e de respeito pelos direitos dos civis palestinianos.

"As ações desprezíveis do Hamas são a marca dos terroristas e eu sei que a forma como Israel responderá mostrará que é uma democracia", disse a presidente do executivo comunitário, que não aluiu de imediato à necessidade de respeitar o direito internacional e de exercer contenção.

O chefe da Comissão Europeia faria esse apelo a Israel num curto comunicado de imprensa que anunciava a triplicação da ajuda humanitária à Faixa de Gaza (de 25 milhões para 75 milhões de euros).

Perante o aumento das críticas, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, divulgou no domingo uma declaração em nome dos 27 líderes da UE que define uma posição comum e faz uma referência explícita ao "direito de Israel a defender-se em conformidade com o direito humanitário e internacional".

"Reiteramos a importância da prestação de ajuda humanitária urgente e estamos prontos para continuar a apoiar os civis mais necessitados em Gaza, em coordenação com os parceiros, garantindo que essa assistência não seja abusada por organizações terroristas", diz o texto.

A presidente pode viajar para onde quiser. Ela foi a Israel para expressar solidariedade com um país que foi objeto de um ataque terrorista não provocado. Isso é uma prerrogativa sua.
Eric Mamer
Porta-voz da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

Confrontada com as perguntas dos jornalistas sobre o facto de posições sobre a política externa ser do domínio do Conselho Europeu, um porta-voz da Comissão Europeia defendeu a viagem de von der Leyen como estando dentro das suas competências políticas.

"A presidente pode viajar para onde quiser", disse Eric Mamer, o principal porta-voz da Comissão. "Ela foi a Israel para expressar solidariedade com um país que foi objeto de um ataque terrorista não provocado. Isso é uma prerrogativa sua", explicou.

Depois de um repórter ter perguntado se a triplicação da ajuda humanitária aos palestinianos era uma medida politicamente motivada para "corrigir" a imagem de von der Leyen, Mamer disse que a decisão foi tomada em relação a um telefonema com o secretário-geral da ONU, António Guterres, no sábado.

"Dizer que se trata de uma reação a uma crítica política é, na minha opinião, desprezível", afirmou Mamer.

Discussão franca e aberta

A reunião virtual de terça-feira pretende ser uma discussão "franca e aberta" sobre as implicações da guerra a curto e longo prazo, disse um alto funcionário da UE com conhecimento das negociações.

A assistência humanitária, a libertação de reféns, os riscos de segurança, os movimentos migratórios e o compromisso com os atores regionais para evitar uma escalada da violência estarão entre os principais tópicos da agenda.

A possibilidade de apelar formalmente a um cessar-fogo também estará em cima da mesa.

"Sentimos a necessidade de pôr alguma ordem", disse o alto funcionário da UE, na segunda-feira, falando sob condição de anonimato. "A ideia é a convergência. Quanto mais os líderes falam, mais caminham na mesma direção", acrescentou.

Questionado sobre se Ursula von der Leyen teria excedido as suas competências ao viajar para Israel, o alto funcionário disse simplesmente que "os assuntos externos são da competência dos Estados-membros".

"Não estou a pôr em causa o direito das pessoas a viajar, mas quando expressamos a nossa posição num determinado domínio, devemos ter cuidado", acrescentou o funcionário.

A questão da ajuda humanitária causou uma dor de cabeça ao executivo na semana passada, depois de ter sido revelado que o Comissário Olivér Várhelyi tinha agido por sua própria iniciativa quando anunciou a suspensão de "todos os pagamentos" às autoridades palestinianas.

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A Comissão Europeia viria, depois, clarificar que se trata de uma "revisão urgente" dos fundos de desenvolvimento atribuídos nos últimos três anos, no valor de 681 milhões de euros, para garantir que nenhum dinheiro chega ao Hamas, que a UE e os EUA consideram uma organização terrorista.

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