Gaza precisa de "mais ajuda humanitária, não menos", diz chefe da diplomacia da UE

Chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell
Chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell Direitos de autor Efrem Lukatsky/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
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De  Shona MurrayIsabel Marques da Silva com Lusa, Reuters
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O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, diz que cortar o abastecimento de água, alimentos e energia à Faixa de Gaza viola o direito internacional. Josep Borrell diz que é precisa "mais ajuda" à medida que a situação se agrava com deslocados internos no território controlado pelo Hamas.

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"O facto é que, neste momento, o número de vítimas em Gaza também está a aumentar: 150 mil pessoas estão internamente deslocadas e a situação humanitária é terrível. É preciso mais ajuda humanitária, não menos. Mais", reiterou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

Este foi um dos aspetos analisados, terça-feira, pelos ministros Negócios Estrangeiros da UE, em reunião de emergência sobre o conflito israelo-palestiniano, em Muscate, capital de Omã, onde alguns se encontravam para outro encontro internaciomal (os restantes participaram por videoconferência). 

Borrell criticou a decisão de Israel de cortar o abastecimento de água, alimentos e energia à Faixa de Gaza, em retaliação aos ataques do Hamas, medida que tem um grave impacto na sociedade civil, que já vive em situação de emergência humanitária.

Os europeus também se opõem "esmagadoramente" à suspensão da sua ajuda à Autoridade Palestiniana, acrescentou Borrell.

Vários Estados-membros, incluindo Portugal, manifestaram desconforto face à decisão unilateral do comissário europeu para o Alargamento e Vzinhança, Olivér Várhelyi, de suspender os fundos de cooperação e desenvolvimento para a Palestina.

Não há nenhuma razão para suspender o apoio. Seria um erro grave dizer que todos os palestinianos são igualmente culpados, seria a melhor forma de radicalizar a população palestiniana.
João Gomes Cravinho
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, afirmou que seria um "erro grave" retirar a ajuda da UE às autoridades palestinianas, uma vez que "não há apoio da UE ao Hamas".

"Não há nenhuma razão para suspender o apoio", sublinhou o ministro em entrevista à RTP, acrescentando que "seria um erro grave dizer que todos os palestinianos são igualmente culpados, seria a melhor forma de radicalizar a população palestiniana".

A reviravolta da Comissão Europeia

O executivo comunitário já reverteu essa posição, dizendo que haverá uma análise mas não suspensão imediata e que a ajuda humanitária será sempre salvaguardada.

Mas os analistas criticam a precipitação em escolher abertamente um dos lados, nomeadamente pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen: "Ela tem sido bastante cúmplice na manutenção desta posição extremamente forte de dizer: O governo israelita foi atacado, os territórios israelitas foram atacados. Têm o direito de se defender", explicou Alberto Alemanno, professor de Direito da União Europeia na HEC Paris, em entrevista à euronews.

"Assim, esses direitos, basicamente, não encontram quaisquer limitações, nem mesmo ao abrigo do direito humanitário. E isto parece estar em conflito com os valores subjacentes à União Europeia, que frequentemente pregamos em todo o mundo", acrescentou.

A UE é o maior doador de ajuda aos palestinianos residentes nos dois territórios: na Faixa de Gaza, que está sob o controlo do Hamas, e na Cisjordânia, que é parcialmente governada pela Autoridade Palestiniana, reconhecida internacionalmente.

"O Hamas é uma organização terrorista, a Autoridade Palestiniana é outra coisa, é um parceiro", insistiu Josep Borrell. Nem todos os palestinianos são terroristas (...) A punição coletiva dos palestinianos seria injusta e contraproducente", sublinhou.

A UE é, igualmente, favorável à abertura de um corredor humanitário que permita evacuar para o Egipto os civis que fogem dos bombardeamentos, acrescentou o chefe da diplomacia europeia.

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