Agricultores criticam "medidas neoliberais", em protesto junto das instituições da UE

Contra fogueiras com pneus e palha acesas pelos agricultores, a polícia respondeu com forte dispositivo de segurança
Contra fogueiras com pneus e palha acesas pelos agricultores, a polícia respondeu com forte dispositivo de segurança Direitos de autor Harry Nakos/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
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De  Gregoire Lory
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Com grande caos junto ao dispositivo policial, agricultores apelaram ao fim dos acordos de livre comércio e ao que apelidam de medidas neoliberais. A manifestação decorreu junto às instituições europeias, em Bruxelas, no dia de reunião dos ministros dos 27 países da UE com esta tutela.

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Agricultores belgas, franceses, italianos e neerlandeses uniram-se no protesto em Bruxelas e pediram uma regulamentação ao nível da União Europeia que os proteja da concorrência desleal, a nível internacional, e que lhes permita viver dos rendimentos produtivos. 

"Precisamos de sair desta lógica neoliberal, que significa que os preços são demasiado baixos e que não cobrem os custos de produção. Pedimos que seja consagrado na legislação europeia que os preços pagos aos agricultores não podem ser inferiores aos nossos custos de produção, (...) para que possamos ganhar a vida com os nosso trabalho", disse Morgan Ody, coordenador-geral da associação europeia Via Campesina, em declarações à euronews.

Com mais de mil tratores nas ruas do chamado bairro europeu e com fogueiras com pneus e palha, acesas pelos agricultores, a polícia respondeu com forte dispositivo de segurança e gás lacrimogéneo, no protesto, em Bruxelas, que se segue a semanas de manifestações, em vários países da UE, e a um protesto semelhante por ocasião da recente cimeira informal da UE, a 1 de fevereiro.

Esta Europa precisa de parar de tentar apaziguar-nos com medidas anti-ambientais ou anti-sociais. Não, eles têm de nos apoiar no desenvolvimento de uma agricultura sustentável.
Tijs Boelens
Agricultor, Cooperativa Boerenforum

Anúncios da CE não chegam

Os protestos mantêm-se apesar dos anúncios já feitos pela Comissão Europeia para criar um diálogo estratégico com o setor e para rever legislação: a isenção da obrigação de mais terras em pousio, a revisão das regras para produtos provenientes de fora da União Europeia, a retirada da diretiva sobre redução de uso de pesticidas. 

“Isso são gestos neoliberais que nos dão, mas não queremos apenas algumas migalhas. Queremos o pão, e se não queremos o pão, queremos a padaria. Esta Europa precisa de parar de tentar apaziguar-nos com medidas anti-ambientais ou anti-sociais. Não, eles têm de nos apoiar no desenvolvimento de uma agricultura sustentável", afirmo Tijs Boelens, agricultor da cooperativa Boerenforum.

A reunião dos 27 ministros da Agricultura tem como tema na agenda a "troca de opiniões sobre formas de garantir respostas rápidas e estruturais à atual crise que o setor agrícola enfrenta", nomeadamente a revisão da Política Agrícola Comum (fundo de subsídios) e do programa "Do prado para o Prato", uma estratégia no âmbito do Pacto Ecológico Europeu para tornar a produção ambientalmente mais sustentável.

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