Congresso PPE: Ursula Von der Leyen aclamada como cabeça de lista às eleições

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, caminha para o local do Congresso do PPE em Bucareste, Roménia, quarta-feira, 6 de março de 2024.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, caminha para o local do Congresso do PPE em Bucareste, Roménia, quarta-feira, 6 de março de 2024. Direitos de autor Vadim Ghirda/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
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De  Mared Gwyn Jones in Bucharest
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Artigo publicado originalmente em inglês

O Partido Popular Europeu (PPE) confirmou, quinta-feira, Ursula von der Leyen como principal candidata às eleições europeias de junho, abrindo caminho para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia. O congresso já tinha adotado o manifesto político, na quarta-feira, em Bucareste (Roménia).

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"Somos o partido do povo e damos resposta às preocupações das pessoas", disse Von der Leyen, ao pedir o apoio do PPE. "Prosperidade. Segurança. Democracia. É isto que interessa às pessoas nestes tempos difíceis", acrescentou.

A sua candidatura à reeleição foi aprovada numa votação secreta de cerca de 800 delegados, legisladores e líderes do PPE, incluindo os primeiros-pinistros polaco, Donald Tusk, e irlandês, Leo Varadkar.

O PPE está confortavelmente à frente nas sondagens e deverá continuar a ser a maior bancada no Parlamento Europeu, o que faz de von der Leyen uma das principais favoritas para assumir o cargo de presidente da Comissão Europeia.

Num discurso proferido na quinta-feira, von der Leyen prometeu continuar a apoiar firmemente a Ucrânia, reforçar a competitividade económica da Europa, salvaguardar o Estado de direito e combater a migração irregular.

"Somos nós, europeus, que decidimos quem vem para a Europa e em que circunstâncias", afirmou. O manifesto do seu partido  inclui um plano controverso de externalização dos pedidos de asilo para países terceiros, com base no "modelo Ruanda" do Reino Unido.

A presidente do executivo comunitário em exercício também prestou um tributo especial aos agricultores europeus - que atacaram a burocracia de Bruxelas em protestos em todos os países da UE, nos últimos meses - e disse que o seu partido vai resistir à ameaça crescente dos extremos políticos.

Os críticos franceses

Em declarações à Euronews na quarta-feira, o presidente do PPE, Manfred Weber, garantiu que von der Leyen é uma "líder firme", com vários delegados alemães a afirmarem que o seu historial mostra que é a mulher certa para o cargo.

Mas a candidata não suscita o mesmo entusiasmo em todas as delegações nacionais do seu grupo.

O presidente do partido francês Os Republicanos, de Eric Ciotti, divulgou uma carta com palavras duras, na quarta-feira, acusando von der Leyen de encarnar uma "deriva tecnocrática" que afastou a União Europeia dos europeus que pretende servir. O partido não enviou nenhum dirigente de Paris ao congresso do partido em Bucareste.

Von der Leyen também foi criticada por dois dos três partidos conservadores eslovenos do seu grupo, que citaram a sua "fraca" liderança e as suas reduzidas credenciais verdes.

A agora candidata aclamada construiu uma forte reputação na Europa e no resto do mundo por ter liderado a resposta do bloco à pandemia de Covid-19, à invasão russa da Ucrânia, à crise energética que se seguiu e ao agravamento da emergência climática, tendo chegado duas vezes ao topo da lista de poder da Forbes, durante o seu mandato de cinco anos.

Mas raramente é vista no terreno, em Bruxelas ou noutras capitais da UE, e tem sido criticada por se isolar no Berlaymont, a sede da Comissão em Bruxelas.

Também suscitou controvérsia por ter recuado, recentemente, no seu apoio incondicional a uma legislação ambiental ambiciosa e pela sua relutância em chamar a atenção de Israel para a perda excessiva de vidas civis na guerra na Faixa de Gaza.

A nossa Europa pacífica e unida está a ser desafiada como nunca antes pelos populistas, pelos nacionalistas, pelos demagogos, sejam eles de extrema-direita ou de extrema-esquerda. O objetivo é o mesmo, querem espezinhar os nossos valores e querem destruir a nossa Europa, e nós, o PPE, nunca deixaremos que isso aconteça.
Ursula von der Leyen
Cabeça de lista pelo PPE às eleições europeias

Corrida de um cavalo só

O seu principal rival, o socialista Nicolas Schmit, cujo partido está em segundo lugar nas sondagens, foi descrito como um "bom soldado enviado para a guerra" e é quase certo que perderá a corrida. Os dois candidatos vão disputar o processo "Spitzenkandidaten", em que os principais grupos políticos da Europa apresentam um candidato para liderar a Comissão Europeia, o braço executivo do bloco.

Von der Leyen foi inesperadamente escolhida para o cargo em 2019, depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, a ter escolhido como uma candidata adequada, apesar de não ter concorrido como Spitzenkandidaten. A decisão lançou dúvidas sobre a credibilidade do processo, que tem sido repetidamente contornado pelos líderes da UE.

Para garantir o cargo, a candidata terá de obter o apoio dos 27 líderes da UE e do Parlamento Europeu recém-eleito. Vários delegados do PPE afirmaram que este procedimento seria uma mera "formalidade".

Ursula von der Leyen speaks to Moldova's President Maia Sandu before the start of the EPP Congress in Bucharest, Romania, Wednesday, March 6, 2024.
Ursula von der Leyen speaks to Moldova's President Maia Sandu before the start of the EPP Congress in Bucharest, Romania, Wednesday, March 6, 2024.Vadim Ghirda/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.

Se obtiver o apoio dos líderes da UE, von der Leyen precisará então de uma maioria de membros do Parlamento Europeu recém-eleito para dar luz verde à sua nomeação. Em 2019, von der Leyen passou esse teste por uma margem muito pequena de apenas nove votos.

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Mas em Bucareste, os seus aliados políticos estavam confiantes de que desta vez seria diferente.

Von der Leyen poderá contar com os membros da ala direita dos Conservadores e Reformistas Europeus (CRE), que deverão ganhar assentos na formação do novo parlamento, mas tem dito que não deseja o apoio da bancada da extrema-direita, Identidade e Democracia (ID), que conta com eurodeputados de partidos tais como o francês Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, e a Alternativa para a Alemanha.

"A nossa Europa pacífica e unida está a ser desafiada como nunca antes pelos populistas, pelos nacionalistas, pelos demagogos, sejam eles de extrema-direita ou de extrema-esquerda", disse von der Leyen no congresso. 

"O objetivo é o mesmo, querem espezinhar os nossos valores e querem destruir a nossa Europa, e nós, o PPE, nunca deixaremos que isso aconteça", disse, ainda.

Face à proximidade das eleições, von der Leyen tem de fazer malabarismos com os dois papéis - presidente da Comissão Europeia e de candidata principal do PPE -, construindo uma barreira entre as suas duas equipas, a fim de cumprir as regras rigorosas em matéria de campanha política.

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Concretizar uma "união de defesa"

Von der Leyen, antiga ministra da defesa alemã, também estabeleceu a defesa como uma prioridade fundamental para o seu potencial segundo mandato. A presidente disse que  pretende reforçar a preparação da Europa face a eventuais os conflitos através de um investimento mais harmonizado na indústria da defesa e quer designar um novo comissário europeu para essa pasta, a fim de supervisionar a criação de um "mercado único da defesa".

"Temos de aumentar a capacidade da nossa indústria de defesa. A Europa tem de gastar mais, tem de gastar melhor e tem de gastar mais a nível europeu", afirmou.

"O PPE é o partido que tem defendido uma Europa capaz de se defender - e nós seremos o partido que concretizará uma União da Defesa", disse, ainda.

O manifesto do partido também apresenta a perspetiva de uma estratégia de dissuasão nuclear europeia, revelada pela primeira vez pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano e vice-presidente do PPE, Antonio Tajani, defendeu que a UE deveria considerar a possibilidade de ter o seu próprio exército. "Dar um grande salto", disse, permitiria ao bloco "desempenhar um papel de portador da paz no Médio Oriente e em África".

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