Irão e Ocidente: Acordo ou guerra?

Irão e Ocidente: Acordo ou guerra?
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

“O Irão sempre disse que as suas atividades nucleares são pacíficas e que o Islão proíbe a construção da bomba atómica. O Ocidente desconfia, exige inspecionar todos os pormenores dos planos nucleares iranianos, e quer que o país pare o enriquecimento de urânio. Os ocidentais querem que as atividades nucleares iranianas sejam transparentes. Será que ocidentais e iranianos vão conseguir evitar um confronto sobre as questões nucleares? Para onde se dirige o conflito? Para um acordo de paz ou mais conflito e guerra?”

Para resolver a crise a União Europeia apela ao diálogo e os Estados Unidos da América insistem numa solução diplomática mas continuam a ameaçar o Irão.

“Temos todas as opções em cima da mesa para atingirmos os nossos objetivos. A América fará o que for necessário para impedir um Irão com armas nucleares,” afirmou Barack Obama.

O Ocidente tem levantado várias sanções ao Irão. Liderado pelos Estados Unidos, o mundo tem boicotado a compra de petróleo iraniano, que representa cerca de 80 por cento da economia do país. As transações financeiras foram, também, bloqueadas nos principais mercados mundiais.

O Irão contra-ataca e afirmou já que se as sanções se tornarem insuportáveis, encerra o Estreito de Ormuz. Por aqui passa, diariamente, cerca de 40 por cento do tráfego marítimo petroleiro mundial.

Teerão ameaçou dizendo que pode recorrer ao uso de mísseis, minas subaquáticas, submarinos, entre outros, de modo a defender o estreito.

Os norte-americanos avisaram que não vão permitir o encerramento do Estreito de Ormuz e que caso o Irão insista em cumprir a ameaça, vai desencadear uma devastadora ação militar.

Os Estados Unidos da América e os aliados tentam evitar uma nova guerra dispendiosa, um ano depois de terem retirado do Iraque e quando planeiam sair do Afeganistão, no próximo ano. Os norte-americanos gastaram, na última década, mais de 4 biliões de dólares na “guerra contra o terror”.

Israel tem ameaçado atacar as instalações nucleares iranianas se as sanções e os esforços diplomáticos não conseguirem convencer Teerão a suspender as suas atividades nucleares. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou que o Irão pode começar a fabricar bombas atómicas, já a partir deste verão.

O líder supremo iraniano, o aiatola Ali Khamenei, lançou um aviso aos israelitas: “Se cometerem o mais ínfimo erro, a República Islâmica arrasará, por completo Telavive e Haifa.”

“Em caso de um confronto militar que trunfos têm o Irão, os EUA e seus aliados?
O primeiro é a influência e o lóbi da energia.”

Os Estados Unidos da América e os aliados conseguem exercer influência nas organizações internacionais, como as Nações Unidas, a Agência Internacional de Energia Atómica, ou o Banco Mundial. O Irão conta com o apoio da China e da Rússia, assim como de fundamentalistas afegãos e grupos xiitas regionais, que podem prejudicar os interesses ocidentais na região. Um desses grupos é a milícia Mehdi de Modtada al-Sadr, sediada nos arredores de Bagdad, no Iraque.

A “Primavera Árabe”, com exceção do caso da Síria, não prejudicou os interesses de Teerão. Foi por esta altura que, pela primeira vez desde a Revolução Islâmica, os navios de guerra iranianos entraram no Mar Mediterrâneo, depois de cruzarem o Canal de Suez. Uma manobra simbólica e impossível de realizar sob o domínio de Hosni Mubarak no Egito.

Ao contrário da crença xiita, há quem acredite que o Irão tem agido como uma zona tampão natural, impedindo a expansão para o oeste dos extremistas wahabitas do Paquistão e do Afeganistão. Atacar a posição geoestratégica iraniana no Médio Oriente, pode fazer com que membros da Al-Qaeda e dos talibãs, inimigos do Irão e dos ocidentais, tenham o caminho livre para o Ocidente.

A melhor opção de Israel para destruir as instalações nucleares subterrâneas do Irão parece ser através do uso de caças Jericho-3 e mísseis anti-bunker. Israel tem pela frente muitos alvos no Irão, ao contrário do que aconteceu no Iraque, em 1981, com Osirak, ou Deir-ez-Zor, na Síria, em 2007. O ataque israelita iria atrasar o programa nuclear iraniano mas não pôr-lhe fim. O Irão retaliaria pois tem um arsenal militar que inclui mísseis Shahab, capazes de atingir Telavive. A intervenção de Israel no Irão poderia despoletar uma ação da Síria, contra os israelitas e acordar o Hamas, a Jihad islâmica, as máquinas de guerra do Hezbollah e a marinha de guerra do Irão, no Médio Oriente.

O Stuxnet, um vírus informático, infiltrou-se em instalações de enriquecimento de urânio do Irão mas sem grandes resultados. Quatro cientistas nucleares iranianos foram mortos. Teerão atribuiu os assassinatos à Mossad, os serviços secretos israelitas. As autoridades iranianas avisaram já que vão usar a influência regional para atrasar ainda mais o processo de paz do Médio Oriente, caso Israel continue com estes ataques.

Mais uma vez há quem acredite que as intervenções no Irão, com o intuito de derrubar o regime, podem resultar em efeito contrário e unir mais os iranianos em torno dos líderes. O Irão pode, de facto, tornar-se num estado nuclear.

Em 2012 A União Europeia anunciou um embargo total ao petróleo iraniano, o que representa 20 por cento das exportações de petróleo do país. Pressionados pelos Estados Unidos, China, Índia e Coreia do Sul cortaram as importações deste combustível do iraniano em 45 por cento, provocando uma perda de cerca de 5 mil milhões de dólares, por mês, à economia local. Com as contas iranianas congeladas, em muitos bancos mundiais, fazer face às sanções impostas pela comunidade internacional.

PUBLICIDADE

“Apesar da superioridade dos Estados Unidos e dos seus aliados, a opção militar parece cara demais tanto para o Irão como para o Ocidente. É provável que o novo presidente do Irão tenha de optar pela melhor e única opção de compromisso com o Ocidente, em vez de guerra! Mas a principal questão mantém-se: quem vai tomar a decisão final? O governo, o Líder Supremo ou a população? “

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Bélgica garante energia nuclear até 2035

Emmanuel Macron assume erros de testes nucleares na Polinésia Francesa

Vítimas de ensaios nucleares à espera de Macron