O "quebra-cabeças" da destruição de armas químicas da Síria

O "quebra-cabeças" da destruição de armas químicas da Síria
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A Síria já começou a enviar informações sobre o seu arsenal de armas químicas, confirmou a Organização para a Interdição de Armas Químicas, com sede em Haia, na Holanda.

O regime de Bashar al-Assad está, assim, a cumprir o prometido quando pediu a adesão à Convenção Sobre Armas Químicas e aceitou que o seu arsenal destes agentes letais fosse destruído.

A medida foi exigida no quadro de um acordo intermediado pelos Estados Unidos e Rússia, depois dos inspetores das Nações Unidas terem confirmado que foram levados a cabo ataques com estas armas.

Os peritos estimam que existam na Síria mil toneladas de agentes químicos espalhados por 50 locais. Mas tal deverá ser confirmada no terreno por uma outra equipa de inspetores.

Mesmo que a lista esteja correta, a Síria não tem a capacidade técnica para uma destruição do arsenal em condições de segurança, tal como a maioria dos 189 países que assinaram esta convenção desde 1993.

Apenas Estados Unidos e Rússia têm essa capacidade, mas o primeiro país não pode legalmente importar estas armas e o segundo disse não estar disponível para o fazer no seu território.

A solução é criar unidades de destruição dentro da Síria, algo que é moroso e dispendioso. Bashar al-Assad mencionou o valor de mil milhões de dólares (cerca de 740 milhões de euros). O facto de o país estar em guerra civil torna ainda mais complicadas operações.

Para analisar em detalhe este processo desencadeado com o massacre de 21 de Agosto, em Damasco, a euronews entrevistou o diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas, Ahmet Üzümcü.

Ahmet Üzümcü: Tencionamos enviar a primeira equipa dentro de dez dias, que será reforçada para levar a cabo as primeiras inspeções. Vamos falar com os sírios para desenvolver um plano de destruição que tem de ser aprovado pelo conselho executivo que é o órgão que toma decisões na organização. Vamos tentar encurtar os prazos e vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para terminar a destruição em meados de 2014.

euronews: A destruição do arsenal químico iraquiano foi interrompida devido à violência sectária no país. O que o faz acreditar que não vai suceder o mesmo no caso da Síria.

Ahmet Üzümcü: É possível que haja alguns atrasos devido à situação atual mas nós temos de olhar para todas as opções práticas para concluir esta operação o mais rapidamente possível. Podem ser aplicados vários métodos em paralelo dependendo da situação no terreno. Isto pode ser feito na Síria mas a opção de transferir algumas destas armas também será explorada. Temos de olhar para todas as opções e, como é claro, o financiamento também vai ser uma questão. É para mim um prazer ver que vários Estados, assim como a União Europeia, expressaram a vontade de contribuir para um fundo especial para levar a cabo esta missão.

euronews: A Síria é conhecida por armazenar agentes químicos de forma binária, isto é, dois componentes são guardados separadamente e são apenas misturados antes de serem utilizados. Isto vai facilitar ou dificultar a localização dos arsenais?

Ahmet Üzümcü: Na verdade isto pode ajudar-nos a destruir alguns dos precursores que são usados com as armas binárias. Os nossos peritos sugerem que isto pode ser feito de forma bastante fácil na Síria uma vez que as partes tóxicas dessas armas têm de estar armazenadas em locais especiais.

euronews: As equipas de inspetores da ONU confirmaram a utilização de armas químicas na Síria mas nós não sabemos quem as usou. Como vai ser possível encontrar este arsenal sem se saber realmente que utilizou armas químicas?

Ahmet Üzümcü: Claramente, o objetivo agora é a eliminação total das armas químicas e à nossa organização é pedido, e esperado, que desempenhe um papel de liderança. A minha esperança é que este processo, esta missão, se torne um catalisador e talvez reavive o processo de paz na Síria. Há conversações para realizar uma nova conferência em Genebra.

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