O medo que invadiu os mercados

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Os índices globais sofreram uma das maiores quedas dos últimos três anos. Estão em causa vários fatores: o vírus Ébola, os receios generalizados de abrandamento económico e as especulações sobre as subidas das taxas de juro. Tudo isto alimenta o receio de quedas mais pronunciadas nas ações, com os mercados do Médio Oriente a apresentar grande vulnerabilidade.

Os mercados globais têm conhecido um período de agravamento de receios, o que gerou uma maior volatilidade e o aumento significativo da venda de ações. As praças americanas, europeias e asiáticas têm sido muito afetadas pelo abrandamento económico global, pelo risco concreto de deflação na zona euro – mesmo pela possibilidade de uma nova recessão -, pela especulação sobre a subida das taxas de juro e pelo medo em torno da disseminação do Ébola, que atinge o setor do turismo.

Apesar da reatividade denotada no final da semana passada, os principais índices perderam os lucros conquistados em 2014, precipitando-se em terreno negativo. O DAX alemão aproximou-se dos -9%; o CAC40 francês e o FTSE100 britânico suplantaram a fasquia dos -7%.

Os analistas denunciam o efeito “dominó”, isto é, de contágio, que se repercutiu também sobre os mercados do Médio Oriente. Na semana passada, o principal índice saudita escorregou quase 10% e o do Dubai, 8%. No entanto, aqui os ganhos de 2014 foram preservados, com destaque justamente para o Dubai e para o EGX, do Egito.

Seja na Europa ou no Médio Oriente, o pessimismo reinante tem desviado o fluxo de investimentos para valores como certificados de Tesouro em países com maior estabilidade ou ainda para o mercado do ouro.

A jornalista da euronews Daleen Hassan falou com Nour Eldeen Al-Hammoury, analista da ADS Securities, que nos deu a sua análise desta questão.

euronews: Este é um declínio de curto ou de longo prazo?

Nour Eldeen Al-Hammoury: Estas quedas parecem-me mais do lado saudável. Os títulos têm subido ao longo dos últimos quatro anos, sem que tenha havido grandes correções. São quedas que parecem ser de curto prazo, uma vez que os bancos centrais prosseguem com as políticas de ajustamento. Desde que estas políticas continuem, os títulos vão acumular mais lucros.

euronews: O que pode ser feito para travar a volatilidade?

NAH: Para já, não entrar em pânico. A maior parte das quedas da semana passada foi provocada por vendas precipitadas. No entanto, nós denotámos que os nossos clientes, por exemplo, na Ásia, na Europa, ou aqui no Médio Oriente, têm interesse em comprar durante este período. Isto sobretudo graças às pistas que alguns membros da Reserva Federal deram aos mercados, de que, se necessário, pode haver mais dinheiro barato a circular.

euronews: Porque é que os mercados do Médio Oriente têm tido um bom desempenho, apesar das tensões geopolíticas na região?

NAH: Como já abordámos aqui neste programa, os mercados do Médio Oriente são muito atrativos, porque há segurança e estabilidade na região, e porque os potenciais são muitos. São mercados que têm beneficiado do contexto no estrangeiro, sobretudo do abrandamento na Europa. Mais, a região abriu as portas aos investidores estrangeiros. Há muitos investidores a virem até cá, pelo menos até Abu Dhabi, até aos Emirados Árabes Unidos, apesar de todo o ruído que circula. No final de contas, o que os investidores querem é segurança, estabilidade, bons preços e boa tecnologia.

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