Governador da Renânia do Norte -Vestfália derrotou na segunda volta o ultraconservador Friedrich Merz e perfila-se como candidato a Chanceler da Alemanha
Armin Laschet é o successor de Angela Merkel na liderança da União Democrata-Cristã (CDU) da Alemanha.
Prestes a celebrar 60 anos, o Governador da Renânia do Norte - Vestefália é um conservador moderado, europeísta e defensor das políticas de acolhimento e integração, na linha da atual Chanceler alemã, o que lhe valeu inclusive em tempos a alcunha de "Armin, o Turco".
Após a eleição partidária, Laschet pareceu colocar-se desde logo na lista de candidatos à chancelaria, que vai a votos em setembro e à qual já se sabe que Merkel declina avançar para um quinto mandato.
Laschet perfila-se como candidato natural a suceder a Merkel como Chanceler. A história recente dos conservadores alemães colocam o líder da CDU como a escolha habitual para se apresentar como cabeça de lista nas eleições legislativas.
No entanto, as sondagens desta sexta-feira voltavam a colocar no topo das preferências dos conservadores o líder da União Social Cristã (CSU) da Baviera, o partido "irmão" da CDU no "Bundestag", o parlamento alemão.
Markus Söder admite tratar-se de um "desafio enorme", mas para já descarta abordar a questão das legislativas.
A escolha do novo líder da CDU decorreu através de uma vídeoconvenção, devido às restrições em vigor na Alemanha para combater a propagação da epidemia de Covid-19.
Havia três candidatos à sucessão de Angela Merkel depois da saída forçada de Annegret Kramp-Karrenbauer, anunciada em fevereiro do ano passado após um acordo eleitoral regional com a Aliança Para a Alemanha (AfD), a principal força de extrema-direita no país.
Laschet foi eleito à segunda volta contra o antigo rival de Merkel, o ultra conservador Friedrich Merz, com 521 votos contra 466 dos 1001 delegados que participaram na vídeoconvenção da CDU.
Os cristão democratas parecem ter assim acatado o pedido efetuado sexta-feira por Angela Merkel para manterem o país numa orientação mais centralizada e aberta.
Armin Laschet vai ter no entanto muito trabalho para cultivar a imagem de líder do principal partido da Alemanha depois de ter sido fortemente criticado por algumas posições assumidas no início da epidemia na Alemanha.
O Governador da Renânia do Norte - Vestefália chegou a responsabilizar trabalhadores do leste da Europa pelo surto de Covid-19 num matadouro e depois foi também acusado de nepotismo devido a um contrato de compra de máscaras e outros equipamentos de proteção a uma empresa local relacionada com o próprio filho de Laschet, Johannes.
Os analistas políticos também não veem no novo líder da CDU o perfil necessário para liderar a Alemanha, embora lhe reconheçam capacidades de congregar apoiantes.
A sondagem de sexta-feita, realizada pela televisão pública ZDF, dá 54% de preferência ao perfil de Markus Söber como um melhor gestor de crises, enquanto apenas 28% reveem em Laschet potencial para chanceler.