Talibãs assumiram o controlo de Mazar-e-Sharif, no Afeganistão. Presidente diz que remobilização das forças armadas é a "grande prioridade", quando dois terços do país está nas mãos dos fundamentalistas islâmicos.
A ofensiva talibã está a apertar o cerco a **Cabul, **depois de os rebeldes assumirem, este sábado, o controlo de Mazar-e-Sharif, a quarta maior cidade do Afeganistão, situada a norte do território.
Os fundamentalistas islâmicos tomaram já dois terços do país e encontram-se a poucos quilómetros da capital, o último bastião do governo afegão, que atualmente detém apenas três cidades de relevo.
Após dias em silêncio, o presidente afegão falou, este sábado, à nação para dizer que está estar em conversações urgentes com líderes locais e parceiros internacionais.
Numa mensagem previamente gravada e transmitida pela televisão, Ashraf Ghani disse que a remobilização das forças armadas é a "grande prioridade" neste momento, de forma a evitar "mais instabilidade, violência e deslocações da população", prometendo ainda ajudar os milhões de deslocados devido ao conflito.
Vários países, como os Estados Unidos estão já a proceder à retirada de diplomatas nacionais. Funcionários da embaixada norte-americana receberam ordens para destruir documentos sensíveis.
Desde a retirada das tropas norte-americanas e da NATO, em maio, o Afeganistão tem vivido dias de turbulência, com os talibãs a conquistar rapidamente território desde 06 de agosto.
A menos de três semanas da total retirada militar internacional do país, os afegãos sentem-se traídos e abandonados.
Um antigo tradutor das forças especiais norte-americanas no terreno, diz terem servido "as forças da coligação" e que, agora, "eles têm de cuidar de nós. É a nossa vez de sermos ajudados. Nós ajudámo-los, salvámos-lhes a vida. Fomos o povo que comunicou com duas culturas, caso contrário, sem intérpretes, nada fariam".
O exército afegão publicou, esta sexta-feira, imagens de um ataque aéreo contra talibãs em Mazar-e-Sharif, mas acabou por perder a capital de província apenas um dia após outras duas grandes cidades, herat e Kendahar caírem nas mãos dos talibãs.