Padeiros europeus sentem crise energética na pele

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De  Hans von der Brelie
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"Se o aumento dos preços da energia fosse inteiramente transferido para o cliente, o pão passaria a custar tanto como o ouro", diz o proprietário de uma padaria italiana.

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O ofício de padeiro é cada vez mais difícil na Europa: Não pelos horários, aos quais já estão habituados, mas pelas dificuldades que o setor enfrenta devido à forte subida nos preços das matérias-primas e, sobretudo, do gás e da eletricidade, uma consequência da crise gerada pela guerra na Ucrânia.

O problema tanto afeta pequenas padarias familiares como a de Jack, em Delft, nos Países Baixos, como grandes empresas com 400 empregados como aquela em que trabalham Cristinel e Cristina, em Urlați, na Roménia.

De patrão a empregado

É com alguma dor no coração que o padeiro neerlandês anuncia o fecho do seu estabelecimento, comprado pelo pai há 30 anos: Uma pequena padaria aberta em 1928, quando o pão ainda era entregue em carroças puxadas por cavalos. A única solução seria a mudança para um forno elétrico, mas "isso significaria um investimento de meio milhão de euros e traria muita incerteza aos 17 anos de trabalho que me restam", conta.

Apesar de tudo, Jack enfrenta o futuro com um sorriso: De patrão, passa a empregado noutra padaria e, pelo menos, passa a ter horários regulares, o que até agora não acontece.

Viajando até à Roménia, encontramos o casal Cristinel e Cristina, ambos operários há mais de 20 anos numa grande empresa de panificação. Aqui, o salário dos trabalhadores não-qualificados ronda os 400 euros mensais e a perspetiva é sombria: Mesmo com um salário acima desse valor, a vida está difícil para o casal, para quem os luxos, como férias na praia, acabaram. Se os custos para a empresa aumentaram, o mesmo acontece nas contas domésticas, nomeadamente no gás e na eletricidade. Uma fatura referente ao mesmo mês aumentou para o dobro, entre 2021 e 2022. Já a empresa passou a pagar 50 mil euros mensais de eletricidade, em vez dos 20 mil que pagava até ao início da crise.

Europa discute soluções

O mesmo cenário em Itália. Fabrizio, proprietário de um estabelecimento em Roma com 18 empregados, aumentou o preço do pão em 12%, mas esse aumento é quase simbólico, tendo em conta a subida nos preços da emergia, com a fatura do gás a subir dos 1200 para os 5500 (por vezes 6000) euros mensais: "Se esse aumento se refletisse completamente no cliente, o pão passaria a custar tanto como o ouro", diz. 

Se o aumento do preço da energia se refletisse completamente no cliente, o pão passaria a custar tanto como o ouro.
Fabrizio Roscioli
Proprietário de padaria em Roma

Itália, Roménia, França e uma dúzia de outros países querem um limite de preço do gás à escala europeia. Mas países como os Países Baixos e a Alemanha são contra.Os fornecedores poderiam vender o gás noutros locais.

Um possível compromisso seria os países da UE poderem passar a comprar gás em conjunto e assim baixar o preço. Se os ministros da energia não chegarem a acordo, os chefes de governo terão de se reunir novamente em dezembro. Uma coisa é certa: a era do gás barato acabou para sempre.

Nome do jornalista • Ricardo Figueira

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