Dia do Trabalhador sob tensão devido ao agravamento do custo de vida

António Costa volta a ser contestado este ano nas manifestações do 1 de maio
António Costa volta a ser contestado este ano nas manifestações do 1 de maio Direitos de autor AP Photo/Armando Franca
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De  Francisco Marques
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De Lisboa a Atenas, há diversas manifestações marcadas contra o agravamento do custo de vida. Em França, a contestação prevista motivou medidas antivandalismo

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Este Primeiro de Maio em França antevê-se tenso em diversas capitais europeias, sobretudo em Paris, e tem por base a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores ocorrida em Chicago, em 1886.

O protesto norte-americano foi replicado em França em 1891, com um balanço trágico na altura, mas que viria a contribuir para a consagração, em 1919, do feriado a 1 de maio pelo Senador gaulês e à ratificação das oito horas de trabalho diário.

Este ano, cerca de 12 mil polícias e guardas nacionais estão mobilizados, incluindo cinco mil só na capital de França, onde as autoridades preveem 80 a 100 mil pessoas nas ruas, incluindo os já habituais grupos violentos da extrema-esquerda ou os "black blocs", responsáveis por diversos atos de vandalismo por todo o país sempre que há grandes manifestações contra o governo.

De acordo com os sindicatos gauleses, poderá haver até um milhão e meio de vozes a fazer-se ouvir por toda a França, numa manifestação que prevê "inédita e excecional" neste Dia do Trabalhador, ainda com a nova idade da reforma, que mudou por decreto dos 62 para os 64 anos, no centro dos protesto.

Dia do Trabalhador com novidades em Portugal

Em Portugal, onde o Dia do Trabalhador se celebra desde 1890, acontecem hoje também várias manifestações. Este ano o agravamento do custo de vida é o mote, expresso em palavras de ordem por “mais salário, mais direitos, melhores pensões”, promete a intersindical CGTP.

Isto num dia em que entra em vigor em Portugal a chamada Agenda do Trabalho Digno e de Valorização dos Jovens no Mercado de Trabalho. São 70 medidas com alterações nos contratos de trabalho, nos despedimentos e nos direitos dos Trabalhadores. A saber, algumas:

  • Os contratos a termo passam a ser limitados a quatro, se a função do trabalhador se mantiver e mesmo que o empregador mude;
  • O período experimental é reduzido para jovens que já tenham experiência anterior na função;
  • Trabalhadores-estudantes passam a poder acumular o salário com o abono de família e as bolsas de estudo;
  • Os estágios profissionais passam a ser pagos pelo menos a 80% do salário mínimo nacional;
  • A cessação dos contratos a termo duplica a compensação;
  • A licença de luto por morte do cônjuge é alargada de cinco para 20 dias;
  • Os trabalhadores passam a poder obter baixas médicas de até três dias diretamente pela Internet no SNS24, num máximo de duas por ano, mas não remuneradas;
  • Cuidadores informais passam a poder usufruir de teletrabalho, horário flexível ou tempo parcial, e ainda de proteção contra o despedimento ou discriminação.

Mais informação aqui sobre a Agenda de Trabalho Digno e de Valorização dos Jovens no Mercado de Trabalho.

Tragédia grega gera revolta

Na Grécia, os protestos em larga escala estão também de regresso e aumentam o volume neste 1.° de Maio, num dia em que se prevê chuva e queda da temperatura em boa parte do país

Antevendo problemas, uma boa parte da capital, Atenas, foi encerrada ao trânsito, os transportes públicos foram reduzidos e as três linhas de metro foram mesmo fechadas, também devido a greves no setor dos transportes.

Os sindicatos helénicos unem as vozes neste Dia do Trabalhador para exigir, por exemplo, salários correspondentes às necessidades dos trabalhadores e liberdade para as atividades sindicais

Cancelamento histórico em Havana

Em Havana, o tradicional desfile do Primeiro de Maio, promovido pelo governo cubano, foi suspenso, à última hora, devido à escassez de combustível na ilha caribenha.

A crise energética foi agravada pelas sanções à Rússia devido à invasão da Ucrânia, mas também pelo desvio da exportação do crude venezuelano para os Estados Unidos, através de uma autorização concedida em novembro pela Casa Branca à empresa Chevron.

Sem petróleo devidamente refinado para abastecer a população, o governo de Miguel Díaz-Canel acabou por tomar a decisão inédita em Cuba desde 1959 de cancelar o grande desfile.

As celebrações do Dia do Trabalhador vão cingir-se a pequenos ajuntamentos para os quais a população se poderá deslocar a pé.

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