ATACMS: o que são e o que podem mudar no conflito ucraniano?

Os sistemas HIMARS têm a capacidade de lançar os mísseis ATACMS
Os sistemas HIMARS têm a capacidade de lançar os mísseis ATACMS Direitos de autor ANDREW LEESON/AFP or licensors
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De  Nuno Prudêncio
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Estados Unidos podem enviar mísseis ATACMS já no outono e o impacto na contraofensiva de Kiev é potencialmente muito vasto

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A corrida ucraniana às armas pode estar perto de uma reviravolta. Os media norte-americanos têm multiplicado notícias que dão como iminente a autorização de Joe Biden para o envio dos mísseis de longo alcance conhecidos como ATACMS

Não se trata de pequenas conquistas territoriais, mas sim de atacar diretamente a Crimeia.
César Pintado
Professor do Campus Internacional de Segurança e Defesa (CISDE)

"Eles estão a chegar" - foi a frase destacada pela ABC News. Há muito que Volodymyr Zelenskyy pede este armamento de alta precisão, capaz de percorrer 300 quilómetros, um alcance superior aos Storm Shadow/Scalps entregues pelo Reino Unido e França. Mas porquê agora?

O tabuleiro político internacional pode mudar em 2024

Segundo César Pintado, professor do Campus Internacional de Segurança e Defesa (CISDE), em Sevilha, "o objetivo desta escalada é dar um impulso à guerra. Não se trata de pequenas conquistas territoriais em zonas adjacentes, mas sim de atacar diretamente a Crimeia. 2024 é um ano muito sensível do ponto de vista político. Há eleições nos Estados Unidos e eleições para o Parlamento Europeu. Há outros governos que podem entrar em cena e mudar os jogadores. E o jogo pode não ser o mesmo".

Com o mau tempo a chegar, a janela de oportunidade para a contraofensiva torna-se mais estreita. Segundo Zelenskyy, a ausência de avanços significativos deve-se também à morosidade da entrega de armas do Ocidente, condição para que o Reino Unido, por exemplo, aceitasse mandar os mísseis Storm Shadow. Mas algumas regras do jogo têm de se manter, pelo menos a promessa de Kiev de não utilizar armas ocidentais contra o interior da Rússia. No entanto, pouco se sabe donovo ministro da Defesa, Rustem Umerov, originário da Crimeia.

Que garantias tem o Ocidente do novo ministro da Defesa ucraniano?

Marina Miron, investigadora do War Studies Department, do King's College London, afirma que "em termos de garantias, tem de haver confiança suficiente de que a liderança política tem controlo sobre a liderança militar. Neste momento, não parece que a liderança política tenha todo o controlo e toda a confiança, porque não sabemos como o novo ministro da Defesa irá atuar, qual será a sua estratégia, o que irá fazer".

Para além dos Estados Unidos, o governo sueco está a ponderar o envio para a Ucrânia de caças Gripen, a Dinamarca e os Países Baixos vão mandar seis dezenas de F-16, a Alemanha vai entregar 40 veículos blindados Marder.

A Polónia aprovou a compra de perto de 500 lança-mísseis HIMARS, utilizados para projetar os ATACMS, num investimento de quase 10 mil milhões de euros, um terço do já avultado orçamento militar previsto (cerca de 30 mil milhões de euros, 4% do PIB polaco, o dobro da meta estipulada pela NATO). Mais: para fazer face à ameaça russa, Varsóvia vai instalar no país um centro logístico para a manutenção destes lançadores, não só os do exército polaco, como os de países vizinhos, ou seja, da Ucrânia também.

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