Especialista em segurança israelita aponta as três falhas que permitiram a ofensiva de larga escala do Hamas no trágico "07 de outubro" em Israel
Uma chuva de rockets disparada de Gaza. A invasão de centenas de militantes armados do Hamas. O sequestro de mais de uma centena de pessoas e a execução de centenas de outras. Afinal, o que falhou num dos sistemas de segurança mais eficazes do mundo?
Os acontecimentos de 07 de outubro em Israel estão a ser comparados a um género de "11 de setembro", num país que se vangloriava do respetivo sistema de defesa, dsejado inclusive pela Ucrânia para se defender da Rússia.
A Euronews falou com Peter Lerner e este especialista em segurança israelita identifica as três falhas que podem ter beneficiado a ofensiva terrorista do Hamas.
Uma delas terá sido o "excesso de confiança no domínio militar dos mecanismos de defesa existentes" em Israel.
"Fosse a Cúpula de Ferro ou a barreira que foi completada há poucos anos, havia uma confiança total na capacidade de travar ataques subterrâneos. A falta de informação e, por último, o fracasso da própria linha defensiva completam os três círculos de defesa que não fizeram o que se esperava", aponta Lerner.
Os serviços de espionagem de Israel, a famosa Mossad, também estão entre os melhores do mundo, mas desta vez falharam, sublinha o especialista, atualmente também a exercer o cargo de diretor de Relações Internacionais do sindicato israelita Histadrut.
"Há apenas duas semanas, altos responsáveis e oficiais dos serviços secretos diziam que o Hamas não estava interessado num conflito abrangente devido a recentes contrariedades e que ainda estariam a lamber as feridas precisamente porque querem manter o domínio sobre a Faixa de Gaza e não colocar esse controlo em risco. Foi obviamente um erro, um grande erro de cálculo por parte dos serviços secretos[israelitas]", considera o antigo porta-voz dos Serviços de Defesa Israelita (IDF).
Peter Lerner prevê agora que o exército israelita se vai deslocar com muito cuidado pelas áreas onde possa haver reféns e também a abertura de uma investigação aprofundada para esclarecer as responsabilidades pelas falhas na antecipação do sucedido assim que terminar a guerra em curso contra o Hamas.