Alerta israelita pode significar que está iminente a ofensiva terrestre, mas grupo armado palestiniano rejeita as ameaças e não só
Israel ordenou a deslocação no espaço de 24 horas dos cerca de 1,1 milhões de habitantes da cidade de Gaza, no norte daquele enclave palestiniano, a sul de Telavive.
O Hamas rejeita a evacuação da Cidade de Gaza e apela aos palestinianos para se manterem em casa.
Ao mesmo tempo, as brigadas Ezzedine al-Qassam, do grupo paramilitar, anunciaram a morte de pelo menos 13 reféns, incluindo estrangeiros, em cinco locais de Gaza devido aos bombardeamentos das forças hebraicas.
"O nosso povo palestiniano rejeita a ameaça dos dirigentes da ocupação e os seus apelos para abandonarem as casas e fugir para o sul ou para o Egito", lê-se no comunicado do grupo considerado terrorista pela União Europeia e os Estados Unidos.
A ONU diz ter recebido a informação diretamente de Telavive e já ter pedido para que a ordem seja anulada. "[A deslocalização das pessoas] é impossível sem provocar consequências humanitárias devastadoras", considerou a organização, justificando que tal "pode transformar uma já trágica situação numa calamidade".
O aviso para a deslocação dos civis é um sinal de que está iminente a ofensiva terrestre israelita pela Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que continuam os bombardeamentos sobre o território onde estará aquartelado o braço armado do Hamas.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) anunciou entretanto a deslocação do centro de operações na Fixa de Gaza e as equipas internacionais que tem a operar naquele território para o sul do enclave.
A agência da ONU espera, com esta relocalização, conseguir manter a missão humanitária e o apoio às respetivas equipas e aos refugiados na Faixa de Gaza.
"Apelamos às autoridades israelitas para protegerem os civis nos abrigos da UNRWA, incluindo as escolas", concretiza a agência, numa publicação nas redes sociais.
A agência anunciou estar a dar refúgio e 220 mil pessoas em 92 escolas da Faixa de Gaza, e estima haver 340 mil palestinianos deslocados após os bombardeamentos israelitas dos últimos dias sobre o território.
O grupo terrorista palestiniano invadiu Israel no sábado e matou mais de 1.300 pessoas, incluindo 22 soldados das forças de defesa israelitas (IDF).
O Conselho de Segurança da ONU tem previsto para hoje à tarde, em Nova Iorque (início da noite em Lisboa), uma nova reunião de urgência sobre a situação no Médio Oriente.
Desde a Jordânia, onde deverá encontrar o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, o presidente da Autoridade Palestiniana Mahmud Abbas rejeitou o "assassinato de civis dos dois lados" e exigiu "o fim imediato da agressão" contra o povo palestiniano.