Presidente da Comissão Europeia discursa no Parlamento de Kiev, enquanto os ucranianos mantêm a leste a contraofensiva à invasão russa. A guerra "não está num impasse", garante Zelenskyy
Com a Ucrânia a manter a contraofensiva a leste, na direção de Bakhmut e também na região de Zaporíjia, e a Rússia a reclamar a destruições de posições ucranianas também na região de Zaporíjia, a Presidente da Comissão Europeia discursou em Kiev perante a Verkhovna Rada, o Conselho Supremo da Ucrânia, o único órgão legislativo do país.
A Presidente da Comissão Europeia aproveitou a ocasião para enaltecer a forma como as instituições ucranianas se mobilizaram para dar os sete passos considerados necessários há um ano em Bruxelas para a adesão à União Europeia, nomeadamente a reforma constitucional da justiça, a nova lei dos media ou o programa anticorrupção.
"Sabemos que nem sempre foi fácil. Mas este é o caminho normal de qualquer democracia. Discutimos. Discordamos. Discutimos ainda mais. Depois, encontramos soluções. E depois, apresentamos resultados", afirmou Von der Leyen, no final do discurso que dirigiu ao hemiciclo de 450 deputados da Verkhona Rada.
A presidente da Comissão Europeia aproveitou o palco do Parlamento ucraniano para deixar elogios à resistência dos ucranianos e à capacidade de, ao mesmo tempo que lutam pela pátria e a soberania, conseguirem colocar a nação no caminho que foi interrompido no final de 2013 pelo então presidente, Viktor Yanukovych, que voltou atrás no prometido plano de associação e comércio livre com a União Europeia, cedendo à pressão da Rússia e, com isso, precipitou a chamada revolta de "Euromaidan".
"Quero dizer-vos o quão impressionados estamos com as reformas que fizeram no meio de uma guerra. Nunca devem esquecer: vocês estão a lutar uma guerra existencial e, ao mesmo tempo, estão a reformar profundamente o vosso país", afirmou Ursula von der Leyen.
Zelenskyy desmente "impasse" na guerra
Antes, numa conferência de imprensa lado a lado com a líder da Comissão Europeia, o presidente Volodymyr Zelenskyy desmentiu a ideia deixada há dias pelo comandante chefe das forças armadas, o general Valery Zaluzhny, numa entrevista à revista "The Economist", de que a guerra com a Rússia tinha entrado num "impasse".
"O tempo passou, as pessoas estão cansadas, mas não estamos num impasse", sublinhou Zelenskyy, lembrando que "a Rússia controla os céus" e a Ucrânia "protege os seus militares". "Ninguém quer apenas sacrifícios como a Rússia faz, enviando os seus cidadãos como se fossem meros pedaços de carne", explicou.
O líder ucraniano lembrou ainda os aviões F-16 cedidos pelos aliados e disse ser preciso que os pilotos aprendam a manobra-los e voltem para que a balança dos recursos militares se equilibre. "Quando tivermos defesa aérea na frente de batalha, os nossos militares poderão avançar e usar o equipamento que têm recebido", perspetivou Zelenskyy.