Ministério da Saúde de Gaza volta a tentar contar os mortos na guerra Israel-Hamas

Soldado israelita num dos túneis do Hamas sob o hospital Al-Shifa, de Gaza
Soldado israelita num dos túneis do Hamas sob o hospital Al-Shifa, de Gaza Direitos de autor AP Photo/Victor R. Caivano
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De  Francisco Marques
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Ministério da Saúde de Gaza assumiu-se incapaz de registar as vítimas do conflito Israel-Hamas devido à destruição no enclave, mas balanço foi de novo retomado

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O balanço de vítimas na Faixa de Gaza resultante da da guerra Israel-Hams é cada vez mais difícil de atualizar de forma verificada e imparcial devido à destruição do enclave e o Ministério da Saúde local chegou a interromper essa atualização a 11 de novembro, então fixando os números em 11.078 mortos, noticiou na terça-feira a Associated Press (AP).

Esta quinta-feira, no entanto, as autoridades de Saúde disseram à mesma agência que iriam tentar voltar a contar as vítimas e avançaram com um número revisto, mas não preciso, de "mais de 13 mil mortos".

O balanço de vítimas tem sido assumido diariamente pelo próprio Hamas, que controla a Faixa de Gaza e que esta quinta-feira agravou o número de mortos na Faixa de Gaza devido à contraofensiva de Israel para os 14.854, incluindo cerca de 6.150 crianças e 4 mil mulheres..

Estas atualizações do Hamas, que são divulgados pela France Press e que a AP sublinha não serem fidedignas nem de possível verificação imparcial, são a fonte da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla original), que sublinha a proporção de 74% das mortes terem sido de crianças e mulheres.

A mesma agência coloca as mortes do lado israelita, incluindo outras nacionalidades, em cerca de 1.200, desde 7 de outubro, tendo a larga maioria sido morta no dia do ataque terrorista do Hamas em território hebraico. 

Um anterior balanço israelita chegou a colocar o número em mais de 1.400 mortos.

Troca de prisioneiros ainda em negociação

A ocorrência de mais mortes poderá agora parar ou pelo menos abrandar, com a implementação esta sexta-feira de manhã (24/11/2023) de um  cessar-fogo negociado esta semana entre Israel e o Hamas, com mediação do Qatar e dos Estados Unidos.

A trégua prevê a troca de cerca de 50 dos cerca de 240 reféns que o grupo palestiniano mantém sequestrados na Faixa de Gaza por algumas centenas de palestinianos que se encontram detidos em prisões israelitas, alguns sem qualquer julgamento.

Tanto os reféns do Hamas como os palestinianos detidos por Israel envolvidos nesta troca serão menores e mulheres.

Numa comunicação oficial que perspetivava o início do cessar-fogo para as 10 horas da manhã de quinta-feira (menos duas horas em Lisboa), Israel admitiu que a pausa até se poderia prolongar para lá dos quatro dias e que a cedência de reféns pelo Hamas poderia chegar às 80 pessoas, o que denotava haver ainda pontas soltas no acordo.

O governo Benjamin Netanyahu já tinha revelado, entretanto, uma lista com os nomes de 300 palestinianos detidos em prisões israelitas que admite libertar e onde incluiu mais de 260 menores e 33 mulheres. Todos ainda sem julgamento realizado.

O acordo prevê à partida que, em cada um dos quatro dias de cessar-fogo, grupos de 12 a 14 reféns sejam libertados pelo Hamas e à troca grupos a rondar as três dezenas de palestinianos deixem simultaneamente as prisões israelitas.

A trégua deverá permitir também a entrada de um maior volume de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, com o Qatar a admitir o acesso ao enclave de centenas de camiões carregados, inclusive, com combustível, o que permitiria aos hospitais palestinianos poderem voltar ao ativo.

Jiad Islâmica e Hezbollah alinham-se

No terreno, as horas precedentes à anunciada trégua ficaram marcadas por combates e bombardeamentos na Faixa de Gaza e o enterro numa vala comum em Khan Younis, no sul do enclave palestiniano, de mais de 100 cadáveres de vítimas da guerra Israel-Hamas.

A Jiad Islâmica, outro grupo considerado terrorista e que opera em Gaza, não fez parte do acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros, mas fez saber que vai respeitar as tréguas. 

"Estamos constantemente em reuniões, em consultas e a coordenarmos-nos com o Hamas", afirmou o porta-voz do grupo, Ali Abu Shaheen, desde o Líbano.

O grupo libanês Hezbollah, que também não fez parte do acordo de cessar-fogo, fez saber que também irá respeitar as tréguas acordadas com o Hamas, mas garantiu que vai ripostar se for atacado pelas forças israelitas.

Outras fontes • AP, AFP, Times of Israel, Haaretz, Wafa

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