A Europa teme um "enorme risco de ataques terroristas" durante o período de Natal, devido às consequências da guerra entre Israel e o Hamas. Nas últimas semanas, o continente europeu tem sido assolado por um preocupante aumento de incidentes islamofóbicos e anti-semitas.
No dia 5 de dezembro, dias depois do mortífero atentado à faca em Paris, a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, instou os Estados-Membros a reforçarem as medidas de segurança, alertando para os riscos associados à "polarização" que a guerra em Gaza "provoca na nossa sociedade".
A Comissão Europeia prometeu 30 milhões de euros para reforçar a segurança nas zonas vulneráveis, com especial incidência nos locais de culto.
"Uma das coisas que acontece sempre que há um grande conflito em Gaza entre Israel e os palestinianos é o aumento dos incidentes antissemitas", explicou Jonathan Boyd, diretor-executivo do Institute for Jewish Policy Research, em Londres.
Incidentes e ataques na Europa
Em novembro, o Conselho Muçulmano francês declarou ter recebido dezenas de cartas com ameaças ou insultos e que 14 mesquitas tinham sido vandalizadas na sequência do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.
Em Londres, as ofensas islamofóbicas aumentaram 140%, de acordo com a Polícia Metropolitana.
Desde 7 de outubro, foram registados muitos actos deste tipo em toda a Europa. "Estamos profundamente preocupados com estes acontecimentos e manifestamos a nossa solidariedade para com os nossos concidadãos muçulmanos", escreveram representantes de 10 países da UE a 29 de novembro.
Entretanto, os ataques e incidentes antissemitas também aumentaram.
Só na segunda semana de outubro, o Ministério do Interior francês registou mais de mil actos antissemitas, que resultaram em centenas de detenções. No mesmo mês, o Community Security Trust (CST) da Grã-Bretanha, que tem por objetivo proteger a comunidade judaica, comunicou o número mais elevado de ataques deste tipo alguma vez registado.
O Ministério dos Assuntos da Diáspora de Israel registou um aumento impressionante de 500% nos incidentes antissemitas a nível mundial durante as primeiras três semanas do conflito. De acordo com os dados, a Alemanha, a França e o Reino Unido registaram o maior aumento de incidentes violentos, profanações de cemitérios, assédio e ameaças contra as comunidades judaicas locais.
Amichai Chikhli, Ministro dos Assuntos da Diáspora de Israel, disse à Euronews que estão particularmente atentos ao que se passa nas redes sociais.
"Temos de reconhecer que muito ódio tem sido transportado e não tem sido contestado durante muito tempo nas plataformas sociais", afirmou Katharina Von Schnurbein, coordenadora da UE para o combate ao antissemitismo e promoção da vida judaica.
Proibições de reuniões pró-palestinianas
Em vários países, as autoridades proibiram a realização de manifestações de apoio aos territórios palestinianos.
Foi o caso da Alemanha, onde as autoridades invocaram um "perigo iminente" de que as reuniões resultassem em "incitamento, slogans antissemitas" e "glorificação da violência".
"Temos a polícia alemã a patrulhar-nos, a revistar as nossas casas, a interrogar-nos, a fazer-nos perfis raciais", denunciou Majed Abusalama, residente em Berlim e cofundador da Palestine Speaks.
"A cor da pele, a ascendência, a religião ou a origem nacional ou étnica de uma pessoa não constituem qualquer base para investigações criminais, medidas para evitar o perigo ou controlos de autorização de residência. As medidas policiais não são fundamentalmente baseadas na aparência das pessoas, mas sim no seu comportamento", acrescentou.