Equador atravessa onda de violência desde que o líder de um dos mais perigosos gangues fugiu da cadeia, no passado domingo.
Um grupo de homens armados e que diziam transportar explosivos invadiram os estúdios de um canal de televisão equatoriano durante uma emissão em direto.
Com as câmaras a gravar um noticiário, foi possível ver e ouvir os homens - com os rostos tapados por máscaras - que levavam revólveres, armas automáticas, granadas e até dinamite, invadir o estúdio da TC Televisión e gritar que tinham bombas, enquanto os jornalistas e repórteres de imagem se deitavam no chão, pedindo-lhes que não disparassem.
As forças especiais da polícia detiveram mais tarde todos os suspeitos de invadir a sede da TC Televisión, na maior cidade do Equador, Guayaquil.
César Zapata, chefe da polícia, disse ao canal Teleamazonas que os agentes apreenderam armas e explosivos que o grupo levava e que 13 pessoas ficaram sob detenção, defendendo que o ataque deveria ser considerado um "ato terrorista".
Na segunda-feira, o presidente do Equador, Daniel Noboa, já tinha assinado um decreto declarando o estado de emergência no país durante 60 dias, autorizando as autoridades a suspenderam direitos dos civis e impondo um recolher obrigatório entre as 11:00 e as 17:00. E voltou a assinar novo decreto, 24 horas depois, para declarar 20 gangues de traficantes a operarem no país grupos terroristas, autorizando o exército a "neutralizá-los" de acordo com os limites da lei humanitária internacional.
A onda de violência começou no Equador desde que o líder do gangue Los Choneros, Adolfo Macías, conhecido como "Fito", foi dado como desaparecido da sua cela numa prisão de baixa segurança no passado domingo, 7 de janeiro.
Macías ia ser transferido para uma cadeia de alta segurança quando desapareceu e permanece em paradeiro desconhecido. Foi entretanto aberta uma investigação e dois guardas foram acusados de estar ligados à fuga do criminoso, mas até agora não houve confirmação do governo equatoriano de que Macías tenha efetivamente fugido ou se está escondido dentro das instalações da prisão.
Desde a fuga do líder do gangue, quatro agentes da polícia foram sequestrados e foi registada uma explosão junto da residência do presidente do Tribunal Nacional de Justiça do Equador.
Macías, que foi condenado por tráfico de droga, homicídio e crime organizado, estava a cumprir uma pena de 34 anos na prisão de La Regional, no porto de Guayaquil. O gangue que liderava é um dos que as autoridades consideram responsáveis pelo aumento da violência no Equador, que atingiu contornos graves com o homicídio do candidato presidencial Fernando Villavicencio.