Para eles, é como se fosse uma segunda casa. No La Scala de Milão, a Filarmónica de Viena tocou obras-primas do romantismo alemão sob a batuta do icónico maestro Riccardo Muti
Três lendas numa só noite: a **Filarmónica de Viena, **sob a batuta de Riccardo Muti no La Scala. A orquestra mais vienense que normalmente tem como casa o Musikverein (onde tradicionalmente toca o concerto de Ano Novo) tem uma longa tradição de tocar no templo da música de Milão.
Daniel Froschauer, há mais de 20 anos na Filarmónica de Viena, diz que o coletivo traz a "forma de tocar no Musikverein ao La Scala".
"É assim que o La Scala se transforma no Musikverein. Só tenho boas recordações de tocar aqui. Um magnífico teatro de ópera, um santuário de cultura. Podemos senti-lo. Quando entramos, basta olhar para o salão, para sentirmos a história," explica o primeiro violino da orquestra vienense.
O concerto de Milão tem um significado especial. 2021 é um ano histórico para o maestro Riccardo Muti. Celebra 50 anos de direcção da Filarmónica de Viena e 80 anos de vida.
Dominique Meyer, diretor executivo do La Scala, explica que convidou Muti "a dirigir este concerto por uma razão: queria vê-lo feliz numa casa de ópera onde ele costuma trabalhar tanto, onde teve e produziu tantos momentos de glória".
Alemães no mais icónico palco italiano
Mendelssohn, Schumann, Brahms: Para este concerto, Muti surpreendeu até os músicos e escolheu um programa muito alemão.
"Eu esperava que ele escolhesse mais música italiana, mas foi o que ele decidiu. E isto é simplesmente espantoso, porque são peças de música com as quais partilhamos uma história comum," diz entusiasmado Michael Bladerer, contrabaixista, lembrando que foi a Filarmónica de Viena que estreou a Sinfonia N.º 2 de Brahms, a 30 de dezembro de 1877. "Uma peça de música que faz parte do nosso ADN," acrescenta Daniel Froschauer.
O violinista considera que esta peça "toca o coração; É uma das sinfonias mais perfeitas" e não tem dúvidas de que "se pode sentir que, enquanto escrevia, Brahms estava incrivelmente feliz".
Um programa de arrepiar
Para além da memória histórica da Sinfonia N.º 2 de Brahms, o contrabaixista Michael Bladerer destaca a emoção da Sinfonia de Schumann. "Neste programa, há alguns momentos que arrepiam. Na Sinfonia Schumann, há a transição entre o 3º e o 4º andamento e para mim, esta é certamente a mais romântica de sempre em toda a história da música. Estou sempre ansioso por aquele momento, porque é tão incrível. Ser autorizado a experienciá-lo aqui é um privilégio," afirma.
Apesar dos anos de experiência, os dois músicos têm a consciência do privilégio. "É preciso ter consciência da sorte que se tem. Sim, toco na Filarmónica de Viena, posso tocar com Riccardo Muti no La Scala. Para mim, esta é a maior honra para um músico. É um sonho. Quem for capaz de o reconhecer, é uma pessoa feliz," conclui o primeiro violino da Filarmónica de Viena, Daniel Froschauer.