Pacto de Asilo da UE em risco face a estratégias de externalização

A primeira-ministra italiana justifica o acordo com o excesso de requerentes de asilo
A primeira-ministra italiana justifica o acordo com o excesso de requerentes de asilo Direitos de autor European Union, 2023.
Direitos de autor European Union, 2023.
De  Vincenzo GenoveseIsabel Marques da Silva
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Com um novo pacto sobre asilo e migração ainda no papel, Comissão Europeia é confrontada com soluções ad-hoc que o ameaçam

PUBLICIDADE

Mais de uma semana depois, a Comissão Europeia ainda não comunicou o que pensa do acordo que a Itália fez com a Albânia sobre gestão de asilo e migração, sendo que o segundo país não é um Estado-membro da União Europeia (UE).

Caberá a esse país terceiro receber requerentes de asilo e migrantes, sobretudo resgatados no mar, até que a Itália analise os processos. O governo de Roma pagará os dois centros de acolhimento na Albânia, para receberem um total de três mil pessoas, das quais serão excluídos menores, grávidas e pessoas com deficiência.

Bruxelas exige que sejam cumpridas as regras comunitárias, mas ainda não tem um veredicto, disse a porta-voz Anitta Hipper: “Estamos em contacto com as autoridades italianas sobre este assunto. Acabámos de receber o protocolo  feito entre as autoridades italianas e albanesas e estamos a avaliá-lo. Portanto, não poderemos entrar em mais detalhes até que o avaliemos completamente".

A chamada estratégia da externalização ganha adeptos, contra a política de solidariedade com responsabilidade entre os Estados-membros, prevista no pacto.

Alemanha e Áustria admitem estudar os méritos de manter as pessoas em chamados países terceiros parceiros, enquanto decorrem os trâmites legais. A Dinamarca já aprovou uma lei nesse sentido, embora ainda não tenha conseguido um país parceiro para a implementar.

Existem questões jurídicas sobre o impacto na proteção dos direitos fundamentais e, também, questões políticas, morais e práticas que impedem que essas ideias avancem.
Alberto Horst Neidhardt
Analista, Centro de Políticas Europeias

Poderá dizer-se que o Reino Unido, ja fora da UE, inspirou o continente quando escolheu o Ruanda para essa estratégia, apesar dos tribunais ainda bloquearem a legislação.

Os analistas ainda vêem dificuldades em colocar em prática o chamado processamento extraterritorial de pedidos de asilo.

“Se olharmos para a História, esse tipo de proposta nunca foi adiante por uma série de razões. Existem questões jurídicas sobre o impacto na proteção dos direitos fundamentais e, também, questões políticas, morais e práticas que impedem que essas ideias avancem", disse, à euronews, Alberto Horst Neidhardt, analista no Centro de Políticas Europeias.

Ainda decorrem negociações entre o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu para chegar a um acordo final sobre o pacto de asilo e migração e o tema e visto como tendo potencial de grande impacto nas eleições europeias, em junho que vem.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Giorgia Meloni defende investimento estratégico em África para controlar migrações

O que vai mudar com a reforma da política de migração na UE?

Análise: abertura eleitoral de Von der Leyen a Meloni pode dar frutos - ou sair o tiro pela culatra