Eurodeputados do "Russiagate" poderão perder imunidade, diz presidente Metsola

Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, 22 de abril de 2024
Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, 22 de abril de 2024 Direitos de autor Euronews 2024
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De  Méabh Mc MahonMared Gwyn Jones
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Artigo publicado originalmente em inglês

O Parlamento Europeu está à espera que as autoridades judiciais forneçam informações que possam levar ao levantamento da imunidade dos eurodeputados no âmbito do chamado escândalo "Russiagate", disse a presidente, Roberta Metsola, em entrevista à Euronews.

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"Continuamos a aguardar informações das autoridades nacionais, uma vez que tal  exigiria que o levantamento da imunidade fosse adotado por esta Assembleia", explicou Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, segunda-feira, em Estrasburgo (França) sobre as suspeitas de que  alguns eurodeputados receberam dinheiro de uma rede apoiada pelo Kremlin para fazerem propaganda pró-Rússia.

"As investigações que teriam de ser efetuadas, como aconteceu no passado, exigiriam que as autoridades nacionais as solicitassem. Estamos a aguardar por isso. E se isso acontecer, faremos o nosso trabalho como sempre fizemos", acrescentou, na entrevista que deu à Euronews por ocasião da última sessão plenária do Parlamento Europeu, antes das eleições europeias de 6-9 de junho.

As autoridades judiciais belgas abriram um inquérito para investigar as alegações, com base em dados obtidos pelas autoridades checas, que desmantelaram uma operação semelhante, em março.

A menos de dois meses da eleição de 720 eurodeputados para o mandato 2024-2029, aumenta o receio de que entidades próximas do presidente russo, Vladimir Putin, possam estar a utilizar a manipulação de informação para desestabilizar as eleições no bloco que tem ajudado a Ucrânia desdo o início da invasão pela Rússia em larga escala, em 2022.

Eu disse que esta Assembleia tem de avançar. Esta Assembleia tem de se certificar de que, se uma coisa destas voltasse a acontecer, seriam criadas barreiras de segurança e soariam os alarmes.
Roberta Metsola
Presidente, Parlamento Europeu

Um novo caso depois do escândalo de 2022

O chamado "Russiagate" é o segundo escândalo de tráfico de influências que abala o Parlamento Europeu desde que Metsola assumiu o cargo, em 2022.

Em dezembro desse ano, eurodeputados de centro-esquerda (inlcuindo a vice-presidente Eva Kaili) e funcionários foram acusados de receber dinheiro de representes dos governos do Qatar, Marrocos e Mauritânia para influenciar decisões do hemiciclo que os favorecessem.

Metsola teve de autorizar e estar presente numa rusga à casa da vice-presidente Eva Kaili, onde foram recuperados 150 mil euros em dinheiro. Em declarações à Euronews, descreveu a experiência como um "murro no estômago".

Contudo, a presidente garantiu que a resposta da instituição assegurou que a ação de alguns não acabaria por manchar a reputação de todo o Parlamento Europeu.

"Nesse dia, fizemos uma escolha. Ou dizemos que isto é algo que acontece em qualquer parlamento, ou olhamos para a cor partidária ou olhamos para o país em causa", afirmou a presidente, a propósito do escândalo do Qatargate.

"Mas eu recusei-me a fazer isso. Eu disse que esta Assembleia tem de avançar. Esta Assembleia tem de se certificar de que, se uma coisa destas voltasse a acontecer, seriam criadas barreiras de segurança e soariam os alarmes", acrescentou.

A presidente disse ter ficado "orgulhosa" da reação dos eurodeputados quando disseram: "Não queremos que este mandato, que é enorme em termos de impacto, seja manchado pelas alegadas ações de um pequeno número de pessoas."

Metsola liderou uma reforma com regras de ética destinada a colmatar lacunas e a reprimir interesses indevidos. Os eurodeputados têm de cumprir regras mais rigorosas quando aceitam presentes, viagens pagas por países terceiros, empregos paralelos e tem de fazer um período de reflexão após a cessação de funções.

O acordo sobre a criação de um órgão de ética encarregado de aplicar as novas regras será votado em plenário, na quinta-feira. O acordo é o resultado de negociações entre oito instituições da UE e baseia-se numa proposta da Comissão Europeia apresentada a pedido do Parlamento.

Roberta Metsola volta a ser candidata por Malta e pertence ao Partido Popular Europeu (bancada de centro-direita), que as sondagens apontam como provável vencedor das eleições.

A entrevista completa será transmitida no programa "The Global Conversation", na quinta-feira à noite.

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