De acordo com os dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo, a crise causada pela Covid-19 deverá custar ao setor 175 mil milhões de euros, entre 2020 e 2022.
Após uma pausa forçada de dois anos, mil e duzentos empresas e instituições participaram no Dubai Air Show, entre 14 e 18 de novembro. “É um sinal. O setor da aviação volta a reunir-se no Dubai. É uma demonstração de confiança para o setor", disse à euronews Timothy Hawes, diretor da Tarsus Middle East, uma das empresas que organizou o Dubai Airshow 2021.
Setor da aviação prevê aumento da procura de aviões, pilotos e técnicos
A fabricante americana de aviões Boeing anunciou a assinatura de um contrato para converter onze modelos 737 em aviões de carga. A rival europeia Airbus também já tinha anunciado que fechou um contrato de venda de 255 aviões A321 , um negócio que deverá valer cerca de 28 mil milhões de euros.
O tráfego aéreo começou a recuperar, mas, em setembro, continuava 53% abaixo dos níveis anteriores à pandemia. “Poderíamos ter atingido os mesmos valores no verão, mas a variante Delta penalizou o negócio. Mas o que se passa agora é apenas o início do processo de recuperação. Vamos regressar à situação anterior à pandemia no verão do próximo ano", afirmou Tim Clark, presidente da Emirates Airlines.
A Airbus prevê um aumento da procura e fez uma estimativa das necessidades do setor da aviação nos próximos vinte anos. Serão precisos cerca de 39 mil aviões, 550 mil novos pilotos e 710 mil técnicos altamente qualificados.
A redução das emissões de CO2 do setor da aviação
Um dos principais temas da COP26 foi a redução das emissões de carbono, um assunto complexo para o setor da aviação responsável por cerca de 2,5% das emissões de CO2. Na edição 2021 do Dubai Air Show a crise foi vista como uma oportunidade para criar um futuro mais sustentável graças à tecnologia e à inovação. No mês passado, a Associação Internacional de Transporte Aéreo anunciou que o setor espera atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050.
"Os nosso responsáveis de aviónica garantem que os aviões possam voar da forma mais eficiente possível, do ponto A para o ponto B. Ao nível da aerodinâmica, estamos a investir e a desenvolver aeroestruturas simplificadas que podem operar em diferentes temperatura", disse à euronews Colin Mahoney, presidente do departamento de gestão de clientes e contas da Collins Aerospace.
Uma das empresas presentes no Dubai Air Show comprometeu-se a atingir os objetivos de sustentabilidade da ONU."Entrámos na corrida para chegar ao zero, com metas baseadas na ciência, para podermos atingir os objetivos. Agora estamos ansiosos para a próxima fase. Vamos definir de forma exata como fazê-lo. Há muitas coisas que podemos fazer neste setor muito associado à inovação, coisas que, hoje, podem não parecer possíveis", afirmou Anders Carp, vice-presidente da SAAB.
Projeto pioneiro em Glasgow para travar efeitos da crise climática
Glasgow desempenhou um papel fundamental na revolução industrial britânica. Durante mais de dois séculos, a combustão do carvão levou ao aumento das emissões de carbono, o que acabou por contribur para a alterações climáticas.
Em 2021, no arranque da conferência sobre o clima Cop26, a cidade anfitriã, Glasgow, inaugurou o primeiro canal inteligente da Europa que visa prevenir os efeitos das cheias numa das cidades com mais chuva da Grã-Bretanha.
A previsões apontam para um aumento de mais 30% da pluviosidade nos próximos 50 anos, em Glasgow. "Aplicámos o pensamento do século XXI a um ativo do século XVIII. O aspeto inteligente deste projeto é o uso dos dados. Temos as previsões do tempo e medimos os níveis e os fluxos na rede de canais e a qualidade da água. Fazemos uma análise para que, antes de uma cheia, a água saia e vá para o mar antes de começar a chover", explicou à euronews Peter Robinson, chefe de engenharia da Scottish Canals.
Uma nova função para os canais de Glasgow
Com o declínio da construção naval e da siderurgia os canais de Glasgow foram abandonados.
"Se fizermos uma boa gestão da água e dos canais que conduzem a água , vamos poder começar a falar do papel da água em termos de bem-estar, para a natureza, para aquecimento e arrefecimento. É algo fundamental" sublinhou Amelia Morgan, diretora da Segurança das Pessoas da Scottish Canals.
Iniciado em 2002, o projeto representa um investimento 1,7 mil milhões de euros e faz parte do plano global de reabilitação urbana de Glasgow.
"Observámos que devido às mudanças realizadas nos canais, as pessoas passaram a usar os espaços à volta da água para passear e isso mudou totalmente as perspetivas em termos da saúde das pessoas que vivem aqui", afirmou Josie Saunders, da Scottish Canals.
Na declaração final da COP26 não foi possível chegar a acordo sobre o fim do uso do carvão, mas a cidade anfitriã tentou dar o exemplo com um projeto para travar o impacto da crise climática na vida das pessoas.