Quando faltam apenas 20 dias para o referendo que permitirá aos britânicos decidirem se ficam ou se deixam a União Europeia, os dois lados intensificam as campanhas.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, esforça-se na sua campanha pelo “remain” (permanecer em inglês), a favor de que o Reino Unido permaneça na União Europeia.
Cameron esteve esta quinta-feira na estação de televisão privada Sky News e pediu aos eleitores que não hipotecassem o seu futuro nem o das futuras gerações ao decidir-se pelo Brexit.
O primeiro-ministro britânico insistiu em que conseguiu um estatuto especial para o Reino Unido dentro da União e que, com essas condições, só poderia ser um entusiasta da presença de Londres na UE.
“Consegui fortalecer o nosso estatuto especial. Protegi os nossos interesses, como o mercado comum. E protegi-nos em relação aos temas com os quais menos estamos de acordo, como a zona euro e o levantamento das fronteiras”, disse Cameron na Sky News.
“Assim posso dizer que, se fosse com as condições de outro país, a situação seria distinta, mas as condições acordadas para o Reino Unido não as condições certas para o Reino Unido e penso que devemos permanecer na UE”, acrescentou.
Tonight I set out the choice: moving our economy forward or weakening our economy by quitting Europe #InOrOutpic.twitter.com/6oyRAEWLeI
— David Cameron (@David_Cameron) 2 de junho de 2016
Mas os que partidários do Brexit não descansam. O antigo presidente da câmara de Londres, Boris Johnson, convicto e entusiasta da saída da UE, continua com a sua campanha, tirando partido da sua personalidade mediática.
Apelou esta quinta-feira a um Reino Unido livre das ordens de Bruxelas.
“Qual é a proporção de leis debatidas no Palácio de Westminster que acham ser de Bruxelas, neste momento?
Alguém tem alguma ideia? Quem dá trinta por cento? Quem dá mais? Devo dizer a resposta? É sessenta por cento”, exclamou Johnson, quando se encontrava num leilão de gado.
Download the official Vote Leave App today! Together we will #TakeControl on 23 June https://t.co/yNlPNVxZbupic.twitter.com/ZyXgzqL7P9
— Vote Leave (@vote_leave) 31 de maio de 2016
O principal líder da oposição, Jeremy Corbyn, apelou ao voto contra o Brexit num encontro em Londres na quinta-feira.
Corbyn e Cameron não surgiram, até ao momento, juntos em campanha.
You have 5 days left to register to vote for the EU referendum https://t.co/7bYgtgeefb#Eureferendum#LabourInhttps://t.co/8ZDQAUUtEa
— Jeremy Corbyn MP (@jeremycorbyn) 2 de junho de 2016
Sondagens voláteis, Brexit à frente
Na semana passada, as sondagens mostravam os dois campos muito próximos, com os indecisos a jogarem um papel fundamental no futuro do Reino Unido na Europa.
Entretanto, duas sondagens dadas a conhecer esta quinta-feira indicam que o Brexit poderia vencer, ainda que por escassa margem.
Os apoiantes do Brexit surgem em primeiro lugar os inquéritos realizados para o diário The Guardian.
A primeira sondagem, feita “online,” dá aos apoiantes do Brexit 47% das intenções de voto, contra 44% dos apoiantes da manutenção e 9% de indecisos.
Já a sondagem telefónica dá ao “sim” à saída da UE 45% das intenções de voto, contra 42% dos defensores do “não” e 13% de indecisos.
A média das duas sondagens, excluídos os indecisos, mostra que 52% das pessoas inquiridas estão a favor de uma saída do Reino Unido da União, contra 48% que apoiam a manutenção.
Merkel quer um Reino Unido mais forte na Europa
Para Angela Merkel, a chanceler alemã, o Reino Unido será mais forte ao permanecer na União Europeia.
“É naturalmente uma decisão das cidadãs e cidadãos do Reino Unido, que votarão no referendo. Pessoalmente, já o disse várias vezes, espero que o Reino Unido fique na União Europeia”, disse Merkel à imprensa esta quinta-feira (2).
“Penso que somos mais fortes quando estamos sentados em conjunto no seio da UE. Todas as partes — o Reino Unido e os outros Estados membros — podem apresentar os argumentos que lhes interessam de modo mais eficaz que negociando a partir do exterior”, adiantou.
Quando se encontrou com David Cameron, em fevereiro, Merkel relembrou-lhe que a sua vontade é que o Reino Unido fique na UE.
“Espero que o Reino Unido seja, e continue a ser, um membro ativo de uma União Europeia bem-sucedida”, disse Merkel.