Tribunal Superior do Trabalho impõe multas a sindicatos grevistas. Temer diz que esgotou todas as possibilidades de negociação.
A onda de movimentos sociais no Brasil parece estar longe de terminar, apesar dos encontros entre o presidente Michel Temer e os representantes do setor da camionagem.
Os brasileiros enfrentam agora uma nova greve, a dos trabalhadores das refinarias da energética Estatal Petrobras, prevista para começar quarta-feira, num movimento convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) que não tem o acordo do Tribunal Superior do Trabalho.
O TST decidiu declarar a greve ilegal, depois do pedido realizado pela Advocacia-Geral da União, a instituição responsável pela representação, fiscalização e controlo jurídico da União.
O órgão justificou a decisão com o temor a que a greve cause "prejuízos gravíssimos" à sociedade brasileira, tendo em conta o atual cenário de crise, nomeadamente ao que ao abastecimento de recursos como gás e petróleo diz respeito, por causa da greve dos camionistas, que tem conseguido paralizar a maior economia da América do Sul.
De acordo com a Agência Brasil, ao desobedecer à decisão do TST, os sindicatos em greve deverão pagar uma multa diária.
As multas pode chegar ao equivalente a cerca de 116 mil euros, estando também previstas sanções para os trabalhadores que impeçam a circulação de mercadorias ou pessoas nas refinarias.
No início desta semana, Michel Temer disse que o Governo Federal fez tudo o que pode para aceder aos pedidos dos representantes dos camionistas.
O presidente do Brasil disse que esperava que o país regressasse "progressivamente à normalidade" nos próximos dias.
Eliseu Padilha, Ministro-Chefe da Casa Civil do Brasil, fundamental na estratégia política do Governo, Temer disse que o Executivo se comprometeu com os camionistas e que o presidente tem vindo a cumprir "uma a uma as suas promessas."
No entanto, quarta-feira, era possível constatar que o movimento grevista continuava em todo o território brasileiro, apesar do acordo alcançado entre o Governo Temer e os representantes dos camionistas.
Para os representantes dos camionistas, a paralização tem sido "um êxito." A Confederação Nacional dos Transportadores Autónomos (CNTA) considera que o movimento, que começou dia 21, deve continuar, pois se os trabalhadores voltarem à atividade, "tudo o que foi conquistado corre o risco de se perder."
A agência Lusa indica que, até terça-feira, oito aeroportos continuavam sem combustível e vários hospitais acusavam falta de recursos para tratamento.
A falta de circulação de recursos e de mercadorias tem tido efeitos devastadores na produção animal, por exemplo.
Cerca de 70 milhões de galinhas foram mortas pelos criadores na segunda-feira. Os profissionais do setor dizem que não tiveram alternativa, já que foi impossível alimentá-las durante vários dias.
Nas grandes metrópoles como o Rio de Janeiro e São Paulo, registava-se ainda falta de abastecimento no setor alimentar, nomeadamente frutas e verduras.
Enquanto isso, os transportes públicos voltavam à atividade, assim como as instituições de ensino.
Na quinta-feira passada, o Brasília chegou a acordo com alguns dos principais representantes dos camionistas, tendo alguns pontos do acordo sido renovados no passado domingo.
Foi acordada a extensão da redução do preço do combustível por mais tempo ou a eliminação de portagens para pesados, entre outras vantagens para os profissionais.
A paralização dos camionistas levou o Brasil a uma crise de abastecimento de recursos, de alimentos e bens essenciais a combustíveis sem precedentes na última década.
Por causa da falta de recursos básicos, várias indústrias foram obrigadas a suspender a produção, com perdas milionárias, ainda por calcular.