Museu Nacional: Uma tragédia anunciada

Museu Nacional: Uma tragédia anunciada
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De  Nara Madeira
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No rescaldo da pior tragédia, em termos de espólio museológico, do Brasil, procuram-se as causas do incêndio e tenta-se recuperar um pouco de esperança.

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Cerca de 90 por cento das mais de 20 mil peças que compunham o acervo do Museu Nacional, a biblioteca do departamento de antropologia e anos de investigação, foram consumidos pelas chamas e reduzidas a cinzas num incêndio, no último domingo, que não se pode dizer que era imprevisível. Agora tenta-se recuperar o recuperável, enquanto se investigam as causas do fogo num edifício que não tinha sistema de deteção e combate a incêndios.

A juntar à tragédia da perda de um espólio, irrecuperável, o acervo egípcio, artefactos greco-romanos, coleções de paleontologia - que incluíam o esqueleto de um dinossauro encontrado na região de Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, "Luzia", por exemplo, surge agora a informação de que o Museu Nacional do Rio de Janeiro não tinha seguro sobre o património nem uma brigada interna de funcionários capacitados para responder a situações como esta. A questão é sempre a mesma, falta de verbas.

A ajuda vai agora chegando, a governamental tardia a de outros países em boa hora. França, de acordo com o presidente Emmanuel Macron, vai enviar especialistas para ajudar na reconstrução.

À Folha de São Paulo o responsável do setor cultural argentino, Pablo Avelluto, país que se disponibilizou para ajudar e enviar peças para o Brasil, diz que esta tragédia deve ser vista como um alerta para outros países onde museus, como este, estão em situação não muito diferente, ou seja, o apoio estatal é parco.

A publicação paulista fala ainda de um financiamento do Banco Mundial, 80 milhões de dólares para financiar a reforma do espaço, nos anos 90 mas que nunca saiu do papel porque a Universidade Federal do Rio de Janeiro vetou a passagem, explica a "Folha", da instituição a associação privada sem fins lucrativos.

O Governo anunciou a disponibilização, imediata, de fundos de emergência para a construção de um novo edifício e será feita uma campanha para angariar fundos privados.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, criado em 1818, há exatamente 200 anos, era o maior de História Natural e Antropologia da América do Sul. Agora terá de viver com novas, principalmente, com novas coleções.

Um dos únicos vestígios preservados foi o enorme meteorito com mais de cinco toneladas, que continua em frente à entrada do espaço.

Mergulhado numa dívida pública abissal e em sucessivos escândalos de corrupção, o Brasil, que sai timidamente de uma recessão histórica, efetuou nos últimos meses muitos cortes orçamentais nas áreas da Investigação, Cultura e Ciência.

O ministro da Cultura brasileiro, Sérgio Sá Leitão, reconheceu que “a tragédia poderia ter sido evitada”.

Há três meses, por ocasião do bicentenário, o Museu Nacional obteve um financiamento de 21,7 milhões de reais (cerca de 4,51 milhões de euros) do Banco Nacional de Desenvolvimento para o restauro do edifício.

Editor de vídeo • Nara Madeira

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