Migração ilegal continua a ser o "calcanhar de Aquiles" da União Europeia

Migrantes procuram lutam pela vida no Mediterrâneo
Migrantes procuram lutam pela vida no Mediterrâneo Direitos de autor Francisco Seco/AP
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De  Nara Madeira com AFP, AP
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França e Itália de costas voltadas face à crise migratória, ministros do Interior da União Europeia avançam com medidas mas as divergências persistem.

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Os ministros do Interior da União Europeia avaliaram, na sexta-feira, as propostas para aliviar as tensões entre França e Itália em relação aos migrantes ilegais que chegam às respetivas zonas costeiras. Entre elas a repressão dos navios das organizações não-governamentais que realizam trabalhos de busca e salvamento no Mar Mediterrâneo. 

O que saiu do encontro foi o relançamento de um grupo de contacto sobre busca e salvamento "para melhorar a coordenação global" na União Europeia, como frisava um dos vice-presidentes da Comissão Europeia. Margaritis Schinas referia que "só este ano morreram ou desapareceram 1.300 migrantes no Mediterrâneo", o que "não é aceitável". Ficou ainda acordada a cooperação com os países de origem e de trânsito dos migrantes e o lançamento de um novo programa contra o tráfico de pessoas no Norte de África.

Tensão entre França e Itália

O que ficou claro, porque o ministro do Interior francês Gérald Darmanin fez questão de frisá-lo em Bruxelas, é que não acolherá requerentes de asilo que cheguem a Itália enquanto Roma não "respeitar" as regras definidas e se recusar a desembarcar migrantes resgatados no Mediterrâneo.

As tensões entre Paris e Roma, em relação ao navio Ocean Viking - que deambulou em águas internacionais durante mais de duas semanas até ser acolhido por França - estiveram no centro desta reunião extraordinária de ministros convocada a pedido de Paris. Ainda que, entre os 27, há quem esteja mais preocupado com o aumento das chegadas de migrantes através da rota dos Balcãs.

A 11 de novembro França concordou "excecionalmente" receber os 234 migrantes transportados pela referida embarcação, após o governo italiano de Giorgia Meloni se ter recusado a fazê-lo.Em resposta à atitude que Paris considera "inaceitável" Gérald Darmanin anunciava a suspensão, imediata, do acolhimento de 3.500 requerentes de asilo provenientes de Itália, como estava previsto. A líder da extrema-direita italiana, e chefe do executivo, chama de "injustificada" a decisão, dizendo que o seu país recebeu quase 90.000 migrantes este ano.

A crise franco-italiana reacendeu um debate altamente sensível sobre a solidariedade entre os países da União Europeia em matéria de migração.

Crise migratória repete-se

A reforma, apresentada há dois anos pela Comissão Europeia, está a estagnar enquanto aumenta o número de imigrantes ilegais que tentam chegar à Europa, 280.000 nos primeiros dez meses do ano, mais 77% do que no mesmo período do ano passado.

Nas últimas semanas, várias centenas de pessoas, que esperavam entrar na Europa, ficaram retidas no mar a bordo de navios humanitários, enquanto Itália, e depois França, discutiam se e onde deveriam ser autorizados a desembarcar. Posições que chocam as ONG's entre elas as que se manifestaram, quinta-feira, em Dunquerque, França, onde há um ano morreram 27 migrantes.

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