Vítima do sismo é enterrado em Talat N'yakoub, Marrocos
Vítima do sismo é enterrado em Talat N'yakoub, Marrocos Direitos de autor Fernando Sanchez/Europa Press via AP
Direitos de autor Fernando Sanchez/Europa Press via AP

Pelo menos 2.946 mortos confirmados cinco dias após o forte sismo em Marrocos

De  Francisco Marques
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O balanço oficial de vítimas do sismo próximo de Marraquexe está a ser atualizado pelo Ministério do Interior e já inclui também quase 5.700 feridos

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O Ministério do Interior de Marrocos anunciou o registo de pelo menos 2.946 mortos e 5.674 feridos, na mais recente atualização do balanço de vítimas, às 19 horas locais desta quarta-feira, quinto dia após o poderoso sismo.

Dos óbitos, pelo menos 2.944 já tinham sido enterrados.

O abalo principal ocorreu pelas 23h11 locais (mesma hora em Lisboa), com epicentro a cerca de 70 quilómetros a sudoeste de Marraquexe, e fez-se sentir inclusive em Portugal, Espanha, Mali ou Argélia. 

O tremor de uma magnitude de 6.8 foi seguido por algumas réplicas de menor potência. A maior parte dos mortos confirmados, 1.684, foram registados na província de Al Haouz. 

Em Taroudant, morreram para já 980 pessoas. No município de Marraquexe há 18 mortos confirmados, por enquanto.

Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal enviou logo no sábado à tarde um avião da Força Aérea para Marraquexe "para retirar os portugueses" que quisessem regressar. 

O avião chegou a Lisboa pelas 05 horas da manhã de domingo, com 102 cidadãos portugueses a bordo, incluindo dois feridos, pai e filha menor, que estão fora de perigo.

Manifestando "total solidariedade para com as autoridades e população marroquinas", a diplomacia portuguesa garantiu que está a acompanhar "em permanência" a situação, mantendo contacto "com os cidadãos portugueses no país, em particular na zona do epicentro sísmico".

Em nota enviada pelo gabinete de informação e imprensa, o ministério informa que os cidadãos portugueses que pretendam regressar ao país devem contactar o Gabinete de Emergência Consular (+351 217929714 / +351 961706472) ou a Embaixada de Portugal em Rabat (+212 674731819)

A comunidade internacional começa a mobilizar assistência para Marrocos, que até agora apenas autorizou formalmente equipas de ajuda de quatro países, Espanha, Reino Unido, Qatar e Emirados Árabaes Unidos, alegadamente para conseguir uma melhor coordenação das operações de busca e resgate de sobreviventes.

O balanço de vítimas tende a agravar-se, uma vez que o terramoto atingiu uma área montanhosa de difícil acesso, mas também diversas regiões próximas de Marraquexe, como Al Haouz, Agadir, Ouarzazate e Taroudant.

As operações de busca, socorro e resgate estão em curso pelas regiões afetadas e ainda há zonas remotas onde a ajuda não chegou.

A Argélia, que havia fechado em 2021 o espaço aéreo a todos os voos civis e militares de Marrocos, anunciou a reabertura para aviões de ajuda humanitária às vítimas do sismo.

De acordo com o centro de monitorização geológica dos Estados Unidos, o sismo atingiu a magnitude de 6,8, com uma réplica 30 minutos depois, de magnitude 4,8. 

O Centro Sismológico Euro-Mediterrâneo situa o epicentro 78 km a sudoeste de Marraquexe, 116 km abaixo da superfície. Os abalos telúricos causaram pânico em cidades e aldeias em todo o país.

Testemunhas descrevem grandes danos materiais, com casas transformadas em escombros, de Rabat a Marraquexe. Entre eles, os muros vermelhos da cidade velha de Marraquexe, Património Mundial da UNESCO.

AP Photo/Rida Tabit
Avaliação de danos na mesquita velha de MarraquexeAP Photo/Rida Tabit

A televisão local mostrou fotos de um minarete de mesquita caído entre os escombros e carros esmagados e há registo de diversos monumentos históricos marroquinos terem sido afetados, como a mesquita Koutoubia, construída no século XII em Marraquexe.

A artista portuguesa Mónica Sintra estava naquela cidade da região do Atlas marroquino, no momento do abalo, e contou à estação de televisão SIC como sentiu o sismo.

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"Assim que se deu o terramoto, algumas coisas começaram a cair. Obviamente saímos todos para a rua. Olhando à volta, [o hotel] não sofreu qualquer destruição", afirmou a cantora.

Portugal sente o abalo

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera registou o abalo marroquino pelas 23:11 horas de sexta-feira.

"Este sismo (...) foi sentido com intensidade máxima III/IV (escala de Mercalli modificada) nos concelhos de Castro Marim, Faro, Loulé, Portimão, Vila Real de Santo António (Faro), Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira (Lisboa), Almada, Setúbal e Sines (Setúbal)", lê-se no comunicado do IPMA.

O instituto português explica ainda que "a localização do epicentro de um sismo é um processo físico e matemático complexo que depende do conjunto de dados, dos algoritmos e dos modelos de propagação das ondas sísmicas". 

"Agências diferentes podem produzir resultados ligeiramente diferentes. Do mesmo modo, as determinações preliminares são habitualmente corrigidas posteriormente, pela integração de mais informação", acrescenta o IPMA.

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O primeiro-ministro de Portugal reagiu à tragédia pouco antes das 10 horas da manhã deste sábado.

Portugal está solidário e disponível para apoiar Marrocos neste momento difícil.
António Costa
Primeiro-ministro de Portugal

"O sismo da noite passada em Marrocos deixa-nos profundamente consternados e apresentamos as nossas condolências a Sua Majestade o Rei, às famílias vitimadas e a todo o Povo marroquino, nosso vizinho", escreveu António Costa, nas redes sociais.

"Ondas de choque" por todo o mundo

O Presidente da Ucrânia expressou as "mais profundas condolências ao Rei Mohammed VI e a todos os marroquinos pelas vidas perdidas no horrível terramoto na região de Marraquexe".

"Desejo que os feridos se recuperem rápido. A Ucrânia afirma-se solidária com Marrocos durante este trágico momento", escreveu Volodymyr Zelenskyy, nas redes sociais.

O Papa Francisco exprimiu este sábado de manhã a sua "profunda solidariedade" com o povo marroquino, "atingido no carne e no coração por esta tragédia", lê-se num telegrama enviado a Marrocos pelo secretário de Estado do Vaticano e número da Igreja Católica, Pietron Parolin.

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Em Nova Deli, o primeiro-ministro da Índia, anfitrião este fim de semana de uma cimeira do G20 onde África poderá ter um papel central, expressou já as condolências pelas vítimas deste terramoto em Marrocos.

"Extremamente triste com a perda de vidas na sequência do terramoto em Marrocos. Nesta hora trágica, os meus pensamentos estão com o povo de Marrocos. Condolências para aqueles que perderam entes queridos. Que os feridos recuperem o mais rápido possível", desejou Narendra Modi pela rede social Twitter, agora conhecida como X.

O chefe do Governo disse ainda que "a Índia está pronta a oferecer toda a assistência possível a Marrocos neste momento difícil".

Da Europa, o chanceler da Alemanha foi um dos primeiros a lamentar a tragédia marroquina.

"Notícias terríveis de Marrocos. Nestas horas difíceis, os nossos pensamentos estão com as vítimas deste terramoto devastador. A nossa solidariedade vai para todos os afetados por esta catástrofe natural", escreveu Olaf Scholz, também na agora rede social X, desde Nova Deli, onde participa este fim de semana na cimeira do G20.

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De França, as condolências surgiram primeiro pela Embaixada gaulesa no antigo protetorado francês no norte de África, mas depois também pela ministra dos Negócios Estrangeiros e pelo Presidente Macron.

"Estamos todos devastados com o terrível terramoto em Marrocos. A França está pronta para ajudar com os primeiros socorros", escreveu nas redes sociais Macron, esperado este sábado em Nova Deli, para o G20.

"Os nossos pensamentos estão com as vítimas e as suas famílias, e a nossa admiração pelo trabalho dos socorristas que estão sem descanso a ajudar os feridos", acrescentou a chefe da diplomacia Catherine Colonna, na mensagem dirigida ao país africano que conseguiu a independência de França em 1956.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, que vai falhar o G20 por ter contraído Covid-19, também se expressou solidário com os marroquinos pelas redes sociais.

"Toda a minha solidariedade e apoio ao povo de Marrocos perante o terrível terramoto registado esta madrugada. A Espanha está com as vítimas desta tragédia e com as respetivas famílias", escreveu o líder interino do governo espanhol, que tem mantido uma relação algo tensa com Marrocos.

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A União Europeia endereçou as condolências através do Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

"Os meus pensamentos estão com o povo marroquino, atingido por um terrível tremor de terra que abalou o país durante a noite, provocando centenas de mortos. A UE está pronta a prestar toda a assistência necessária a Marrocos", assegurou Josep Borrell.

O Presidente dos Estados Unidos mostrou-se "profundamente entristecido" pelas vidas perdidas e pela devastação registada em Marrocos.

Joe Biden garante que os Estados Unidos "estão prontos a prestar toda a assistência necessária ao povo marroquino" e diz estar "ao lado do amigo rei Mohammed VI neste momento difícil".

Ausente na cimeira do G20, por decisão própria, o Presidente da Rússia endereçou uma carta ao Rei de Marrocos. 

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"Na Rússia, partilhamos a dor e o luto do povo marroquino. Oferecemos as nossas sinceras condolências pelas trágicas consequências do terramoto devastador", escreveu Vladimir Putin.

Também o presidente Xi Jinping, que decidiu não comparecer a este G20 na Índia, se assumiu "chocado" pelo ocorrido em Marrocos e, "em nome do governo e do povo chineses", expressou "o profundo pesar pelas vítimas" e endereçou "as sinceras condolências às famílias".

"Estou confiante que, sob a liderança de Sua Majestade o Rei, o governo e o povo de Marrocos serão capazes de ultrapassar o impacto desta catástrofe e reconstruir a sua pátria o mais rapidamente possível", acrescentou Xi Jinping.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido manifestou o apoio aos cidadãos britânicos que estão na região afetada pelo terramoto e ofereceu ajuda a Marrocos.

"Devastadoras notícias de um grande terramoto nas proximidades de Marraquexe, em Marrocos. O Reino Unido vai continuar a dar apoio aos cidadãos britânicos na região. Estamos prontos para ajudar os nossos amigos marroquinos de todas as formas que pudermos", escreveu James Cleverly, nas redes sociais.

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O Presidente da Turquia, que em fevereiro enfrentou uma tragédia similar, expressou as condolências ao "país amigo e irmão".

"Envio os meus melhores votos de recuperação a todos os marroquinos afetados pelo desastroso terramoto em Marrocos, um país amigo e irmão. Que Deus tenha piedade daqueles que perderam a vida e rápida recuperação aos feridos", escreveu Recep Tayyp Erdogan, nas redes sociais.

O Ministério turco dos Negócios Estrangeiros disponibilizou-se para ajudar Marrocos, assumindo-se, em comunicado, pronto "para fornecer todas as formas de apoio para curar as feridas" provocadas por este sismo.

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