Conselho Europeu propõe três medidas chave para a guerra Israel-Hamas

Secretário-geral da ONU recebido pelo presidente do Egito, no Cairo
Secretário-geral da ONU recebido pelo presidente do Egito, no Cairo Direitos de autor Presidência egípcia via AP
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De  Francisco Marques
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Charles Michel e Pedro Sánchez participaram na "Cimeira do Cairo pela Paz", reiteraram a condenação do "ataque terrorista do Hamas", defenderam "a solução de dois Estados" e traçaram um plano para o respeito mútuo

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O Presidente do Conselho Europeu reiterou, no Egito, a "firme condenação do ataque terrorista do Hamas", também "o direito de Israel de se autodefender de acordo com o direito internacional humanitário" e apresentou três medidas que os líderes dos 27 consideram importantes.

A posição europeia surgiu em linha com o apelo das dezenas de líderes mundiais que se reuniram este sábado na "Cimeira do Cairo pela paz", a convite do Egito: um "cessar-fogo" na guerra entre Israel e o grupo palestiniano Hamas.

O secretário-geral da ONU lançou o desafio às partes beligerantes: "É preciso agir agora para pôr fim ao pesadelo", pediu António Guterres, numa altura em que um novo balanço de vítimas da contraofensiva israelita ao Hamas na Faixa de Gaza foi atualizada para pelo menos 4.385 palestinianos mortos em 15 dias.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo grupo considerado terrorista pela União Europeia, entre as vítimas dos bombardeamentos israelitas estarão pelo menos 1.756 crianças e 967 mulheres. 

Pelo menos, 13.561 pessoas terão ficado feridas na Faixa Gaza nestas últimas duas semanas, acrescenta a mesma fonte, num balanço ao impacto da forte contraofensiva, para já à bomba, de Israel ao ataque bárbaro de 7 de outubro pelo Hamas, que matou mais de mil israelitas só naquele sábado.

Números que dão consistência ao apelidado "pesadelo" referido pelo principal porta-voz da ONU. Guterres fez o apelo para um cessar-fogo diante dos líderes do Egito, Abdel Fattah al-Sissi; do rei da Jordânia, o Rei Abdullah II; e da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

Foto de família na "Cimeira do Cairo pela Paz"
Foto de família na "Cimeira do Cairo pela Paz"Presidencia egípcia via AP

O Presidente do Conselho Europeu, do líder rotativo da mesma instituição europeia e o porta-voz da União Europeia também estiveram presentes.

O secretário-geral da ONU fez alusão ao "contexto mais alargado" e lembrou os "56 anos de ocupação sem fim à vista", mas admitindo o direito à autodefesa de Israel: "Nada pode justificar o ataque condenável do Hamas".

Guterres exigiu ainda a libertação "imediata e incondicional" dos alegados de 200 reféns mantidos pelo Hamas em Gaza. Alguns, o grupo disse já terem morrido devido a bombardeamentos de Israel.

O Presidente do Conselho Europeu leu o artigo 3 do Tratado da União Europeia para sublinhar uma mensagem de cooperação e solidariedade aos parceiros nesta cimeira.

Tratado da União Europeia

Artigo 3, Ponto 5


Nas suas relações com o resto do mundo, a União afirma e promove os seus valores e interesses e contribui para a proteção dos seus cidadãos.

Contribui para a paz, a segurança, o desenvolvimento sustentável do planeta, a solidariedade e o respeito mútuo entre os povos, o comércio livre e equitativo, a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos do Homem, em especial os da criança, bem como para a rigorosa observância e o desenvolvimento do direito internacional, incluindo o respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas.


Fonte: Tratado da União Europeia (versão consolidada)

Charles Michel reiterou a "firme condenação" europeia do "ataque terrorista cometido pelo Hamas contra Israel e o seu povo" e exigiu "a libertação de dos reféns sem condições e sem mais demora".

"Reafirmamos a importância de proteger os civis e as infraestruturas civis, hoje, por todo o lado e sempre. Por fim, reafirmamos o direito de Israel a defender-se, em conformidade com o direito internacional e o direito internacional humanitário", começou por dizer o porta-voz do Conselho Europeu.

Charles Michel elencou depois "três pontos importantes" para implementar no conflito em curso: "A mobilização para abertura de pontos de acesso para ajuda humanitária, a água, à eletricidade, a alimentos e a medicamentos;  a responsabilidade de trabalhar para evitar um agravamento regional; e a necessidade de todos colocarem mãos à obra para uma solução durável e aprofundada de dois Estados."

Na liderança rotativa do Conselho Europeu, o primeiro-ministro espanhol apelou para que "não se deixe o conflito tornar-se numa crise regional".

Não podemos adiar uma solução.
Pedro Sánchez
Primeiro ministro de Espanha e líder rotativo do Conselho Europeu

Pedro Sánchez defendeu que, "agora, o imprescindível é proteger todos os civis". [Proteger] os reféns, que devem ser devolvidos imediatamente às suas famílias, e aos que sofrem o horror em Gaza", precisou o chefe de Governo interino de Espanha

"A única forma de o conseguirmos é com mais ajuda e um cessar-fogo humanitário, ao mesmo tempo que assentamos o cimento para dois Estados, Israel e Palestina, que se respeitem mutuamente e coexistam em paz e segurança", disse o líder rotativo do Conselho de Estado.

O Rei da Jordânia, aliado dos palestinianos e histórico rival político de Israel, apelou também a "um cessar-fogo imediato" e o presidente do Egito, anfitrião desta cimeira e habitual intermediário entre o governo israelita e o mundo árabe, defendeu que a "única solução para a questão palestiniana é a justiça".

Al-Sissi sublinhou o "direito" dos palestinianos "a estabelecer o próprio Estado".

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O Presidente da Autoridade Palestiniana considerou ser necessário "pôr fim à ocupação israelita dos territórios palestinianos e uma solução de dois Estados" para Israel e a Palestina, com Jerusalém Oriental, atualmente ocupada e anexada por Israel, como "capital" dos palestinianos.

Mahmoud Abbas tentou assim relançar o agora aparentemente ameaçado projeto de Dois Estados para israelitas e palestinianos, o qual já havia sido também defendido na quarta-feira, em Telavive, pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyhau.

Não partiremos. Não partiremos. Não partiremos.
Mahmoud Abbas
Presidente da Autoridade Palestiniana

Norte-americanos e israelitas não participam na cimeira a decorrer no Cairo.

Reuniões bilaterais

À margem da "cimeira do Cairo pela Paz", Charles Michel e Pedro Sánchez reuniram-se em separado com o Presidente da Autoridade Palestiniana e com o primeiro-ministro do Iraque.

O Presidente do Conselho Europeu disse a Mahmoud Abbas que "não há outra alternativa à paz baseada na solução de dois Estados" e garantiu que "a União Europeia continua a fazer a sua parte nesses esforços".

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A Mohamed Shia Al Sudani, Michel disse que os 27 valorizam "os esforços do Iraque para evitar a desestabilização da região". "A UE e o Iraque vão continuar a forjar uma parceria baseada na confiança", assegurou o líder do Conselho Europeu.

O presidente do Governo de Espanha revelou ter transmitido a Abbas "o apoio e a solidariedade pelo sofrimento da população de Gaza", reiterou o apoio à "solução de Dois Estados" como garante de "paz e segurança" na região e prometeu "aumentar a ajuda humanitária" espanhola e "a cooperação com a Palestina".

A Mohamed Shia Al Sudani, Sánchez agradeceu "todos os esforços para apaziguar o conflito e evitar uma crise regional". "É preciso pôr fim à violência e avançar rumo à solução dos dois Estados", reiterou o espanhol.

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