Diversos relatórios reforçam a urgência climática. No Dubai, ouvimos alguns cientistas sobre o que falta para baixarmos a "febre" do planeta
A Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, no Dubai, tem sido confrontada nesta primeira semana com diversos relatórios preocupantes sobre o estado de saúde do planeta e os esforços para travar a subida da febre climática.
O Monitor de Ação Cimática mostra-nos que nenhum país no mundo está efetivamente no bom caminho para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e cumprir o objetivo de 1,5°C do Acordo de Paris.
O Projeto Global de Carbono revelou ainda que essas emissões subiram em 2023 em cerca de 1,1% por todo o mundo e mais de 8% só na Índia.
Tivemos também a revisão da década pela Organização Mundial de Meteorologia (WMO) que compara todas as alterações a partir dos fenómenos ‘La Niña’ e ‘El Niño’.
As perspetivas não são boas para o nosso planeta. O autor do relatório da WMO disse à Euronews, na COP28, que "estamos a assistir a uma aceleração das alterações climáticas num vasto leaue de áreas do sistema climático".
"Registámos um aumento contínuo das temperaturas globais. A subida do nível do mar não para. Assistimos à perda de camadas de gelo a um ritmo crescente. Os oceanos estão a ficar mais quentes e mais ácidos. Portanto, estamos a assistir a mudanças em grande parte do sistema climático. No geral, são mudanças que não vão na boa direção", avisa Blair Trewin, cientista-chefe na WMO.
Perante estas evidências, o que realmente faz falta é mudar a conversa, disse-nos Bertram Picard, o fundador da Fundação Impulso Solar.
"Precisamos de mostrar mais as soluções do que os problemas.Temos de mostrar que a descarbonização tem de ser feita através de uma modernização rentável dos países, com mais eficiência, deixando de desperdiçar energia e recursos, e parando de poluir, mas também deixando de desperdiçar dinheiro", defende Picard.
O fundador da Impulso Solar resume os problemas a "uma urgência climática, sim, mas com um imperativo económico que pode provavelmente ser muito mais motivador para o mundo da política económica industrial".
Com estas reflexões e estes relatórios em mente, a grande questão, agora, é saber se no final desta conferência vamos conseguir um acordo consensual para acabar gradualmente com os combustíveis fósseis e de colocar efetivamente o planeta no caminho correto para limitar até 2050 o aquecimento global a 1,5.°C acima dos níveis pré-industriais.