Dia pan-helénico contra o bullying: a ferida aberta para a sociedade e a nova estratégia

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De  Foteini Doulgkeri
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Artigo publicado originalmente em producer_language_el

Há algumas semanas, por decisão do Primeiro-Ministro, Kyriakos Mitsotakis, foi criado um Comité Científico para a preparação de uma Estratégia Nacional de Prevenção e Tratamento da Violência e Delinquência de Menores

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Os casos arrepiantes de intimidação de menores, dentro ou fora da escola, que têm vindo a público nos últimos tempos, são preocupantes e fazem soar alarmes. Talvez ainda mais alarmantes sejam as avaliações dos cientistas sobre incidentes que nunca são conhecidos porque as vítimas os escondem no fundo das suas psiques.

Há mais de três décadas que os problemas de bullying são uma preocupação da comunidade escolar, mas nos últimos anos registaram-se mudanças qualitativas e quantitativas.

Há algumas semanas, por decisão do Primeiro-Ministro, Kyriakos Mitsotakis, foi criado um Comité Científico para desenvolver uma Estratégia Nacional de Prevenção e Tratamento da Violência e Delinquência de Menores.

A diretora da Comissão, Vassiliki Artinopoulou, confirma que há mudanças.

"Há um aumento quantitativo das infrações cometidas por menores e uma diferenciação qualitativa, ou seja, são cometidos mais crimes violentos. Mas este aumento verifica-se sobretudo entre os 22 e 23 anos, obviamente influenciado pela pandemia, mas se quisermos analisar as causas e as razões mais profundas deste aumento, temos de recuar um pouco mais, principalmente à crise, que para a Grécia não foi apenas uma crise económica, mas também uma crise social e de valores", diz Vasiliki Artinopoulou, professora de Criminologia na Universidade Panteion, à Euronews. 

"Na categoria dos 12-14, vemos que há um aumento, ou seja, o limiar solar está a descer e vemos isso noutros fenómenos, por exemplo, no consumo de drogas", acrescenta Artinopoulou.

De acordo com os dados da polícia, em setembro houve 1353 detenções de menores e foram formados 1201 ficheiros para casos de delinquência.

Num inquérito realizado pela Smile of the Child em 2022-2023, 1 em cada 3 crianças, ou seja, 32,4%, em todo o país diz ter sido vítima de bullying na escola, enquanto 1 em cada 6 crianças na Grécia diz sentir que a sua escola não as ensina a não intimidar os colegas.

Antonia Torrens é psicóloga educacional, diretora-geral do Centro de Ação Social e Inovação e criadora e gestora de Live Without Bullying.

Ela explica como uma criança é alvo e como outra criança acaba por ser vítima de bullying, dentro ou fora do ambiente escolar.

"É um mito acreditar que as crianças que têm uma certa diversidade são alvo de bullying. A realidade é que qualquer pessoa pode ser alvo, em qualquer altura. É aquilo a que chamamos estar no sítio errado à hora errada. Isto pode acontecer facilmente porque todos nós, a dada altura, podemos ter um dia vulnerável, um dia difícil e estar um pouco mais vulneráveis emocionalmente. Por isso, se, por qualquer razão, se encontra um grupo de crianças que querem fazer bullying ou descarregar a sua energia negativa, essa pessoa que parece normal em todas as áreas pode tornar-se o alvo e iniciar comportamentos que vão evoluir para o bullying", disse Torrens à Euronews.

É também necessário que todos percebam onde está a linha vermelha, onde acaba a diversão e começa o bullying.

Em março passado, a ex-ministra da Educação Niki Kerameos, num debate no Parlamento sobre o projeto de lei anti-bullying, afirmou que, de acordo com os dados apresentados durante a elaboração do projeto de lei, apenas uma pequena percentagem das vítimas de bullying são adultos. Estima-se que cerca de 97% das crianças têm medo de denunciar os incidentes aos professores.

E é esse o grande risco, segundo os especialistas.

No Centro de Ação Social e Inovação, existe há anos uma plataforma onde pais, alunos e professores podem contactar de forma rápida e anónima pais, alunos e professores para obter aconselhamento e orientação.

Mas o Ministério da Educação também lançou uma plataforma para a denúncia de incidentes de violência doméstica, de forma anónima por parte dos alunos ou por parte dos pais.

Espera-se que a comissão recentemente criada apresente ao Primeiro-Ministro, nos próximos meses, o documento da Estratégia Nacional.

O objetivo é abordar o problema de forma horizontal, com a cooperação de todas as partes interessadas.

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O texto da Estratégia Nacional, que também será submetido a consulta, incluirá formação para profissionais, políticas baseadas na investigação na área da proteção dos direitos da criança e sensibilização para questões de prevenção, bem como a atualização das políticas já em vigor.

Evento-debate no CMOP sobre Bullying

Mais de 750 pessoas participaram no evento em linha organizado pelo CMOP, no âmbito do seu programa Viver sem Bullying, intitulado "Viver sem Bullying: Depende de si", por ocasião do Dia Nacional contra a Violência Escolar e o Bullying. 

O evento centrou-se na prevenção e no tratamento do bullying e da delinquência de menores, tendo sido apresentada, entre outras coisas, a renovada aplicação Viver sem Bullying da CMOP, através da qual alunos, pais e professores recebem apoio de aconselhamento gratuito, anónimo e confidencial de psicólogos especializados.

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