Quarto secreto de Miguel Ângelo aberto ao público em Florença

Delicados desenhos a carvão que alguns especialistas atribuíram a Miguel Ângelo são vistos nas paredes de uma sala no centro de Itália, terça-feira, 31 de outubro de 2023\.
Delicados desenhos a carvão que alguns especialistas atribuíram a Miguel Ângelo são vistos nas paredes de uma sala no centro de Itália, terça-feira, 31 de outubro de 2023\. Direitos de autor Sylvie Corbet/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
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Artigo publicado originalmente em inglês

A sala foi utilizada para armazenar carvão até 1955 e depois selada e esquecida durante décadas por baixo de um alçapão que, por sua vez, estava escondido debaixo de móveis.

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A partir desta quarta-feira, os amantes da arte terão acesso a um espaço há muito escondido na Capela dos Médici, em Florença, onde se podem ver delicados desenhos a carvão desenhados nas paredes, que especialistas atribuem ao pintor renascentista Miguel Ângelo.

O quarto secreto foi descoberto durante uma operação de limpeza, há quase 50 anos, por baixo de duas camadas de gesso, quando os funcionários procuravam uma nova saída da Capela dos Médici para acomodar o crescente número de visitantes.

Delicate charcoal drawings that some experts have attributed to Michelangelo are seen on the walls of a room used to store coal until 1955 inside Florence's Medici Chapel
Delicate charcoal drawings that some experts have attributed to Michelangelo are seen on the walls of a room used to store coal until 1955 inside Florence's Medici ChapelThe AP

O então diretor do museu, Paolo Dal Poggetto, "acreditava firmemente que eram de Miguel Ângelo", disse a atual directora, Paola D'Agostino. Seguiu-se um aceso debate que se prolonga até aos dias de hoje. É possível que alguns destes desenhos pertençam ao discípulos de Miguel Ângelo, mas há traços em que a mão do génio renascentista parece inconfundível.

A sala foi utilizada para armazenar carvão até 1955 e depois selada e esquecida durante décadas por baixo de um alçapão que, por sua vez, estava escondido debaixo de mobiliário.

The trapdoor leading to a room with delicate charcoal drawings on the walls that some experts have attributed to Michelangelo is seen inside Florence's Medici Chapel
The trapdoor leading to a room with delicate charcoal drawings on the walls that some experts have attributed to Michelangelo is seen inside Florence's Medici ChapelLuigi Navarra/Copyright 2023 The AP. All rights reserved

Estes desenhos são como exercícios da mente, do projeto intelectual do artista, traduzidos para as paredes", afirmou à Euronews a curadora do Museu Cappelle Medicee, Francesca de Luca. Alguns deles exprimem uma destreza e uma energia na forma que os torna superiores a outros em termos de qualidade".

Segundo os especialistas, Michelangelo escondeu-se neste espaço durante dois meses, em 1530, quando o Papa Clemente VII emitiu uma ordem de morte, por alegadamente ter apoiado a efémera república que derrubou a poderosa família Medici.

The long-hidden 10-meters by 3-meters space was discovered in 1975 sparkling a fierce debate over Michelangelos' attribution.
The long-hidden 10-meters by 3-meters space was discovered in 1975 sparkling a fierce debate over Michelangelos' attribution.The AP.

Supostamente, passou este tempo a fazer esboços para os seus projectos. Acredita-se que um dos estudos seja o das pernas de Giuliano de' Médici, como se vê no mausoléu da Sacristia Nova, perto da entrada da sala secreta.

Também foram estabelecidas semelhanças entre estes desenhos e as pinturas no interior da Capela Sistina.

"De certa forma, também fazem lembrar a cena da criação de Deus, o pai, a voar pelo ar", disse Luca.

Starting Nov. 15, up to 100 visitors will be granted access each week by reservation, four at a time, spending a maximum of 15 minutes inside the space.
Starting Nov. 15, up to 100 visitors will be granted access each week by reservation, four at a time, spending a maximum of 15 minutes inside the space.The AP

Durante a maior parte dos últimos 50 anos, o acesso à sala foi restrito.

Os funcionários decidiram abrir a sala ao público numa base limitada e alternarão a exposição a luzes LED com períodos prolongados de escuridão para proteger as obras.

Todas as semanas será concedido acesso, mediante reserva, a um máximo de 100 visitantes, quatro de cada vez, que poderão passar um máximo de 15 minutos no espaço.

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