A sala foi utilizada para armazenar carvão até 1955 e depois selada e esquecida durante décadas por baixo de um alçapão que, por sua vez, estava escondido debaixo de móveis.
A partir desta quarta-feira, os amantes da arte terão acesso a um espaço há muito escondido na Capela dos Médici, em Florença, onde se podem ver delicados desenhos a carvão desenhados nas paredes, que especialistas atribuem ao pintor renascentista Miguel Ângelo.
O quarto secreto foi descoberto durante uma operação de limpeza, há quase 50 anos, por baixo de duas camadas de gesso, quando os funcionários procuravam uma nova saída da Capela dos Médici para acomodar o crescente número de visitantes.
O então diretor do museu, Paolo Dal Poggetto, "acreditava firmemente que eram de Miguel Ângelo", disse a atual directora, Paola D'Agostino. Seguiu-se um aceso debate que se prolonga até aos dias de hoje. É possível que alguns destes desenhos pertençam ao discípulos de Miguel Ângelo, mas há traços em que a mão do génio renascentista parece inconfundível.
A sala foi utilizada para armazenar carvão até 1955 e depois selada e esquecida durante décadas por baixo de um alçapão que, por sua vez, estava escondido debaixo de mobiliário.
Estes desenhos são como exercícios da mente, do projeto intelectual do artista, traduzidos para as paredes", afirmou à Euronews a curadora do Museu Cappelle Medicee, Francesca de Luca. Alguns deles exprimem uma destreza e uma energia na forma que os torna superiores a outros em termos de qualidade".
Segundo os especialistas, Michelangelo escondeu-se neste espaço durante dois meses, em 1530, quando o Papa Clemente VII emitiu uma ordem de morte, por alegadamente ter apoiado a efémera república que derrubou a poderosa família Medici.
Supostamente, passou este tempo a fazer esboços para os seus projectos. Acredita-se que um dos estudos seja o das pernas de Giuliano de' Médici, como se vê no mausoléu da Sacristia Nova, perto da entrada da sala secreta.
Também foram estabelecidas semelhanças entre estes desenhos e as pinturas no interior da Capela Sistina.
"De certa forma, também fazem lembrar a cena da criação de Deus, o pai, a voar pelo ar", disse Luca.
Durante a maior parte dos últimos 50 anos, o acesso à sala foi restrito.
Os funcionários decidiram abrir a sala ao público numa base limitada e alternarão a exposição a luzes LED com períodos prolongados de escuridão para proteger as obras.
Todas as semanas será concedido acesso, mediante reserva, a um máximo de 100 visitantes, quatro de cada vez, que poderão passar um máximo de 15 minutos no espaço.