Mais de dois terços dos cidadãos da UE "provavelmente" vão votar nas eleições de junho, segundo uma nova sondagem

As eleições para o Parlamento Europeu realizar-se-ão entre 6 e 9 de junho.
As eleições para o Parlamento Europeu realizar-se-ão entre 6 e 9 de junho. Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
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De  Jorge Liboreiro
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Artigo publicado originalmente em inglês

Mais de dois terços dos cidadãos da UE afirmam ser "provável" que votem nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.

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As conclusões resultam da última edição do Eurobarómetro, o inquérito oficial do Parlamento Europeu, que recolheu as opiniões de mais de 26.000 pessoas nos 27 Estados-Membros.

Divulgada na quarta-feira de manhã, esta será a última sondagem do género a ser publicada antes das eleições legislativas, previstas de 6 a 9 de junho.

No total, 71% dos inquiridos declaram-se "propensos" a votar para escolher quem os representa no hemiciclo de 720 membros. Este valor representa um aumento de 10 pontos percentuais em comparação com o período que antecedeu as eleições de 2019. Nessa altura, a afluência às urnas atingiu 50,66%, pondo fim a uma trajetória de anos de declínio da participação.

Em contrapartida, 14% dizem que "não é provável" que votem, enquanto 13% permanecem "neutros".

Os cidadãos da Dinamarca (87%), dos Países Baixos (86%), da Suécia (81%), da Finlândia (79%) e da Alemanha (78%) registam as taxas mais elevadas de probabilidade de votar.

Em alguns países, a probabilidade de votar aumentou em comparação com 2019, incluindo a República Checa (de 39% para 58%), a Roménia (55% para 74%), a Áustria e a Polónia (52% para 70% em ambos), Chipre (44% para 60%) e a Eslováquia (de 47% para 62%).

A Bulgária destaca-se como o único Estado-Membro com uma diminuição significativa da intenção de voto, passando de 57% em 2019 para 50% em 2024.

Ainda assim, o aumento da probabilidade de votar é uma forte tendência em todos os países e é acompanhado por um crescente envolvimento nas próximas eleições: 60% dizem que estão "interessados" ou "muito interessados", um aumento de 11 pontos desde a primavera de 2019.

Por outro lado, 27% dizem que não estão "muito interessados" e 13% dizem que não estão "nada interessados".

O Eurobarómetro também pediu aos cidadãos que classificassem a "importância" que atribuem às eleições: 53% dos inquiridos consideram as eleições de "grande importância", 36% de "importância média" e 10% de "pouca importância".

O aumento da atenção surge num momento crucial para o bloco, em que a Ucrânia luta para conter os avanços russos no campo de batalha, o conflito entre o Irão e Israel ameaça transformar-se num confronto mais amplo e as preocupações económicas colocadas pela China se transformam em acusações generalizadas de dumping.

A imprevisibilidade da situação mundial parece pesar muito nos eleitores: 81% dos cidadãos afirmam que "o atual contexto internacional torna o voto ainda mais importante".

Os números demonstram que "os europeus estão conscientes de que o que está em jogo nas urnas é muito importante", disse Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu. "Estas eleições serão cruciais porque vão decidir a direção que vamos tomar."

Imagem "positiva" do Parlamento Europeu

O Eurobarómetro oferece uma visão geral da opinião dos cidadãos da UE sobre a instituição que vão eleger diretamente em junho que, no espaço de poucos meses, assistiu a votações importantes sobre a reforma da migração, a inteligência artificial e a liberdade dos meios de comunicação social, bem como a um processo judicial contundente contra a Comissão Europeia sobre a libertação de fundos congelados à Hungria.

No entanto, o hemiciclo também foi atingido por um escândalo prejudicial que envolveu um pequeno grupo de legisladores e assistentes que alegadamente aceitaram pagamentos em dinheiro do Qatar e de Marrocos em troca de um tratamento favorável. O chamado caso Qatargate desencadeou um frenesim mediático, com os jornalistas a seguirem todas as detenções, apreensões e confissões.

Mais recentemente, o Parlamento tem-se esforçado por conter as acusações de que alguns dos seus membros foram pagos para difundir propaganda pró-russa.

Apesar da má publicidade, a instituição conseguiu sair praticamente ilesa: 41% dos inquiridos têm uma imagem "positiva" do Parlamento, um aumento de cinco pontos desde a última sondagem realizada entre setembro e outubro.

É a primeira vez que a resposta "positiva" supera a "neutra".

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Em termos de países, Portugal (66%), Dinamarca (59%), Irlanda (59%) e Luxemburgo (53%) registam as taxas mais elevadas de uma imagem "positiva".

A Hungria, país cujo primeiro-ministro sugeriu que o Parlamento Europeu deveria ser destituído de poderes, inclina-se para o lado "positivo" (46%).

O campo "negativo" não é maioritário em nenhum Estado-Membro, mas é visível na República Checa (29%), França (28%), Áustria (24%) e Eslovénia (22%).

No geral, 56% dos cidadãos gostariam que o Parlamento Europeu "desempenhasse um papel mais importante".

O inquérito a nível do bloco também pediu aos participantes para identificarem os quatro tópicos que gostariam que fossem prioritários durante a campanha política em curso.

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A luta contra a pobreza e a exclusão social (33%), a saúde pública (32%), o apoio à economia e a criação de novos empregos (31%) e a defesa e segurança da UE (31%) estão no topo da lista, expondo as ondas de choque causadas pelas principais crises dos últimos anos: a pandemia de covid-19, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a inflação recorde.

Outros temas proeminentes são a ação contra as alterações climáticas (27%), o futuro da Europa (26%), a migração e o asilo (24%), a democracia e o Estado de direito (23%) e a política agrícola (23%), todos eles amplamente debatidos pelos legisladores.

Os resultados são bastante semelhantes aos da sondagem exclusiva da Euronews realizada pela Ipsos em março, que colocava a luta contra a subida dos preços, a redução das desigualdades sociais e o apoio ao crescimento económico como as três principais prioridades.

Numa perspetiva mais filosófica, o Eurobarómetro colocou uma pergunta separada sobre os "valores" que os cidadãos gostariam que o Parlamento defendesse. A resposta? A paz e a democracia.

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