Maioria dos europeus tem como prioridade o combate à inflação. Portugueses são os mais preocupados com o aumento do custo de vida e as desigualdades. Direita dá mais atenção às questões socias na eleição de 2024 do que em sufrágios anteriores, revela a sondagem da IPSOS em exclusivo para a Euronews.
O combate à inflação é a grande prioridade dos cidadãos europeus a menos de três meses das eleições europeias marcadas para o próximo mês de junho, revela a sondagem da IPSOS em exclusivo para a Euronews, a primeira do género a ser realizada em 18 países europeus, na antecâmara do sufrágio.
No contexto da crise inflacionária sentida em 2023, sobretudo no que diz respeito aos alimentos, o aumento do custo de vida preocupa mais de dois terços (68%) dos inquiridos neste estudo de opinião.
A maioria dos eleitores exige depois a redução das desigualdades e a preservação dos sistemas de proteção social (64%). A preocupação com o bem-estar e o nível de vida está bem presente na mente dos europeus, com 62% a reclamarem mais crescimento económico.
Em quarto lugar na tabela de prioridades está a luta contra a imigração ilegal (59%), uma das principais bandeiras da extrema-direita, o que reflete o crescimento desta ideologia na Europa. Logo a seguir surge o combate ao desemprego (57%) e, por fim, a resposta às alterações climáticas (52%).
Portugueses são os mais alarmados com inflação
Os eleitores, com especial incidência no sul do continente, estão crescentemente virados para uma Europa mais social.
De acordo com a sondagem exclusiva da IPSOS para a Euronews, os portugueses (84%) são os que demonstram maior preocupação face à subida dos preços.
Na segunda posição aparecem os espanhóis (76%) e em terceiro estão os italianos (71%), seguidos dos franceses (69%).
Na realidade, mais de dois terços dos europeus (68%) estão preocupados com os preços elevados, apesar do abrandamento registado em janeiro em 15 dos 27 países da União Europeia (UE).
Só para 7 % dos potenciais eleitores é que a inflação não é uma prioridade, com os finlandeses a serem os menos preocupados com o custo de vida.
Portugueses são os que mais dizem não às desigualdades
Sinal dos tempos de crise, os cidadãos da UE têm um sentimento de empobrecimento geral.
64% das pessoas querem que o bloco europeu salvaguarde os seus direitos sociais e pedem que as desigualdades sociais sejam reduzidas. Apenas 8 % são contra.
Os portugueses (82%) estão novamente no topo, enquanto os polacos são os menos preocupados com as discrepâncias no nível de vida.
De Portugal vem também o pedido mais veemente para políticas que estimulem o crescimento económico.
62% dos inquiridos exigem à UE medidas eficazes para impulsionar o crescimento económico.
Os neerlandeses são os menos favoráveis a qualquer forma de intervenção à escala europeia para robustecer economia.
Direita mais atenta às questões sociais
Nas eleições de 2024, as questões sociais não são apenas prioridades para os partidos de esquerda e de centro-esquerda.
Os conservadores moderados, os liberais e mesmo os que ainda estão mais à direita parecem reclamar mais intervenção legislativa social e económica da UE do que nos atos eleitorais anteriores.
Os partidos de direita, incluindo o grupo conservador ECR e sobretudo a extrema-direita do grupo ID, sinalizam a importância de medidas contra a inflação.
No que toca às desigualdades e à proteção social, os partidos de esquerda e de centro-esquerda são, sem surpresa, os mais exigentes.
Grande Coligação coloca ênfase no crescimento económico
As formações políticas da Grande Coligação (PPE, S&D, RENEW) são as que querem mais assertividade quando se trata de tomar medidas que estimulem o crescimento económico.
Os líderes da UE para os próximos cinco anos têm de encontrar uma solução para responder às exigências dos cidadãos, que podem exigir mais despesa pública.
Mantenha-se a par das sondagens para as eleições europeias com o Centro de Sondagens da Euronews.