Relatório revela que mercado alemão continua a ser o que enfrenta mais dificuldades na Europa

Relatório revela que mercado alemão continua a ser o que enfrenta mais dificuldades na Europa
Relatório revela que mercado alemão continua a ser o que enfrenta mais dificuldades na Europa Direitos de autor Markus Schreiber/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
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De  Indrabati Lahiri
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Artigo publicado originalmente em inglês

A economia da Alemanha é a que regista pior desempenho na Europa, enquanto o Reino Unido regista um desempenho moderado. Já as economias de Espanha e Itália observam uma tendêndia positiva.

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As empresas europeias enfrentam um ambiente empresarial cada vez mais desafiante, devido à inflação e ao aumento do custo dos empréstimos. Desta forma, empresas de diversos setores tiveram de suspender ou adiar projetos, bem como reduzir os investimentos de capital e as contratações.

Já no lado do consumidor, a inflação tem impactado os preços de bens e serviços de primeira necessidade. Para além disto, o incremento das taxas de juro também se refletiu no aumento do custo das hipotecas. 

Relatório revela dados sobre saúde financeira de empresas europeias

O último relatório do Weil European Distress Index, referente a abril de 2024, revelou várias informações importantes sobre a saúde financeira das 3.750 empresas europeias inquiridas. A Weil teve em consideração 16 indicadores – liquidez, rendibilidade, risco, avaliação, investimento e mercados financeiros – para medir as possíveis dificuldades que as empesas atravessem.

Esta análise incide, ainda, sobre cinco mercados diferentes, nomeadamente a Europa, Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Itália, e analisa empresas de dez setores, como: retalho e bens de consumo, saúde, serviços financeiros, energia, entre outros.

Neste último relatório pode ler-se que "As dificuldades das empresas podem ser definidas como a incerteza quanto ao valor fundamental dos ativos financeiros, a volatilidade e o aumento do risco percebido. Refere-se também à perturbação do funcionamento normal do desempenho financeiro da empresa, incluindo a sua capacidade de cumprir os requisitos da dívida".

Desta forma, é possível notar que parece ter havido uma maior vulnerabilidade nos setores altamente alavancados e de capital intensivo. Além disso, as empresas mais pequenas estavam consideravelmente mais expostas a aumentos contínuos das taxas de juro, bem como a notações de crédito mais baixas. Setores como a indústria, a saúde, o comércio retalhista e o imobiliário também registaram mais dificuldades.

A Alemanha foi o mercado mais afetado da Europa, assim como Espanha e Itália que parecem estar a recuperar.

De acordo com o comunicado enviado por Neil Devaney, sócio e corresponsável pela área de reestruturação da Weil em Londres, "O panorama das dificuldades das empresas na Europa está a evoluir. Embora a geografia e o setor continuem a ser fatores importantes na avaliação das perspetivas financeiras das empresas, verificamos que a dimensão das empresas tem um impacto muito maior nos seus níveis de dificuldades”.

Devaney acrescentou, ainda, que "Parece existir uma disparidade crescente entre as pequenas e as grandes empresas, tendo as mais pequenas sido as mais afetadas pelo aumento das taxas de juro e pelos desafios de liquidez. Embora as empresas de maior dimensão enfrentem as mesmas condições de mercado, tendem a beneficiar de opções de financiamento mais diversificadas e de maiores reservas de liquidez, o que lhes confere maior flexibilidade para gerir as suas estruturas de capital."

Que setores enfrentam mais dificuldades?

Andrew Wilkinson, sócio sénior responsável pela reestruturação na Europa e codiretor da prática de reestruturação do Weil em Londres, afirmou também em comunicado que “Embora alguns setores revelem sinais de recuperação, os níveis de dificuldades permanecem comparativamente elevados” e “Com os atuais indicadores macroeconómicos a apresentarem um quadro mais matizado do que as previsões anteriores, é de esperar que as empresas de capital intensivo e altamente alavancadas continuem a sentir pressão”.

Segundo Wilkinson, as empresas que operam nos setores industrial, retalhista e imobiliário estão a suportar o peso destas pressões. “ As empresas capazes de ajustar as suas estratégias de investimento de capital terão mais hipóteses de resistir à tempestade", explica Wilkinson em comunicado.

O setor imobiliário é o que está a enfrentar mais dificuldades em todo o continente europeu, em particular devido à queda do valor dos imóveis e aos problemas de refinanciamento.

Já o setor industrial registou um maior número de dificuldades, em comparação com o último trimestre, que pode ser justificado pelos ataques dos Houthi no Mar Vermelho. Isto fez com que vários navios tivessem de se deslocar pelo continente africano, o que implicou viagens maiores e atrasos.

Várias empresas europeias foram, assim, obrigadas a interroper a produção de determinados bens, devido à falta de peças-chave e de outros materiais. O setor industrial alemão é um dos que está a ser mais impactado, neste sentido.

Do mesmo modo, o setor do consumo e do comércio retalhista também tem sofrido um atraso considerável. O aumento do custo de vida está a impactar a vida dos jovens, que estão a contrair mais dívidas do que nunca, o que faz com que reduzam o consumo de artigos de luxo.

Por último, o setor da saúde parece estar a registar um pouco mais de liquidez do que anteriormente, com os investidores a mostrarem-se cada vez mais otimistas.

Mercado alemão contiua a ser o que enfrenta mais dificuldades

O mercado alemão continua a ser o que enfrenta mais dificuldades na Europa, com os consumidores e as empresas a afastarem-se de novos investimentos, devido ao aumento do custo de vida, bem como aos efeitos persistentes da pandemia e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Para além disto, a liquidez também foi afetada, o que tem tido repercussões na rentabilidade, uma vez que o crescimento económico global continua a ser lento. Relativamente às previsões económicas do país para o próximo ano, Weil afirmou em comunicado que "As previsões económicas da Alemanha para 2024 revelam um crescimento mínimo, com riscos acrescidos devido à sua dependência das exportações e à rigidez do mercado de trabalho”.

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As empresas francesas, por sua vez, registam níveis de dificuldades acima da média há quase um ano, o que pode ser explicado pelo escassez de liquidez e a queda de investimentos. A confiança dos consumidores parecia estar a melhorar nos últimos meses, mas, desde fevereiro, que também sofreu uma queda abrupta, impulsionada principalmente pela queda das vendas a retalho.

O Reino Unido parece estar a ter um melhor desempenho, com os níveis de dificuldades das empresas a abrandarem um pouco, seguindo a tendência do último trimestre. No entanto, as empresas continuam a ter de lidar com custos de empréstimos mais elevados, em resultado do aumento constante das taxas de juro.

Por fim, Itália e Espanha parecem estar a melhorar positivamente, com os níveis de dificuldades a caírem de forma bastante significativa. As expetativas de crescimento e de expansão para estes dois países no próximo ano são também mais positivas em comparação com outros mercados europeus.

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