Grupo de alunos de Georgetown quer indemnizar descendentes de escravos

Um grupo de estudantes da Universidade de Georgetown, nos EUA, decidiu criar uma votação sobre o aumento das propinas em 27 dólares americanos por semestre, para indemnizar os descendentes de escravos que foram vendidos no século XIX pela própria instituição.
Na votação, a qual surgiu de um referendo não vinculativo, 66% dos estudantes votaram a favor.
Ethan Clark, estudante e descendente de escravos vendidos pela universidade, diz ter votado 'sim' por uma questão moral.
"Não faço isto por ser descendente, é mais por uma questão moral. Tento olhar para as coisas com outra perspectiva e ver: como é que poderia votar que não? Nem sequer faz sentido considerar.", disse.
Chukwuma Okoro, um outro estudante, admite que o importante é o facto de se dar atenção ao tema.
"Para mim, a parte entusiasmante disto tudo é a discussão que aqui começamos.", disse. _"Não é sobre se se vota 'sim' ou 'não', mas sim o debate em si." _admite.
Mas nem todas as opiniões são as mesmas. Há vários alunos que consideram que as indemnizações deveriam ser feitas pela universidade e não pelos alunos, como é o caso de Flo Martínez.
"Simpatizo com a causa e com a ideia de pagar indemnizações, mas não acho que devam vir dos estudantes. Acho que a universidade foi a única a cometer esse erro há muitos anos e acho que é a responsável pelo pagamento dessas indenizações. Não acho justo obrigar os alunos a aceitar isso.", admite a estudante.
Na altura em que foi fundada, a Universidade de Georgetown dependia financeiramente dos lucros das plantações de jesuítas em Maryland, onde muitos escravos trabalhavam.
Segundo o The New York Times, quando a escola precisava de fundos em 1838, os padres jesuítas que dirigiam a instituição decidiram vender 272 escravos. A venda influenciou a vida de muitas famílias. Obrigou a que muitas famílias se separassem e sujeitou muita gente a condições de vida desumanas.