Além de Ruben Östlund, vencedor de uma segunda palma de ouro com "Triangle of Sadness", outro sueco, desta vez Tarik Saleh, um cineasta e artista plástoco com raízes no Egito, saiu também de Cannes com um prémio importante, o de melhor argumento, pelo filme "Boy from Heaven" (O rapaz do céu).
A história é uma intriga sobre os meandros da religião islâmica e passa-se nos corredores da Universidade Al-Ahzar do Cairo, a mais antiga do mundo e uma das principais instituições do islão. É uma coprodução entre França, Suécia e Marrocos. Para o realizador, a nacionalidade é o menos importante.
"'A batalha de Argel' (1966) está entre os meus três filmes preferidos. A nacionalidade do realizador (Gillo Pontecorvo, italiano) não interessa, porque é um filme que conta a verdade e isso é o mais importante. Nós, enquanto contadores de histórias, contamos uma verdade emotiva, temos de contar uma verdade que sobreviva ao tempo. É essa a grande diferença em relação às notícias ou à política. Aí, o que é verdade hoje, amanhã é uma piada", diz o cineasta.
No filme, o espetador mergulha no universo do Islão sunita e das várias correntes contraditórias dentro dele, incluindo o fundamentalismo. O cineasta espera que o filme ajude o público europeu a ver o Islão de outra forma.
"O filme é universal. No caso dos europeus, podem entrar na pele de um muçulmano, alguém de quem provavelmente têm medo. Andam por aí, rezam, olham, sentem esperança e medo e lutam pela sobrevivência. Isso é bom. Precisamos de partilhar experiências", acrescenta Saleh.
Tarik Saleh dedicou este prémio a todos os jovens realizadores no Egito que lutam para poderem contar as suas histórias. Depois desta recompensa em Cannes, "Boy from Heaven" chega aos ecrãs da Europa neste outono.