Guerra na Ucrânia: qual o impacto do pacote de 61 mil milhões de dólares dos EUA?

Davyd Arakhamia, deputado ucraniano
Davyd Arakhamia, deputado ucraniano Direitos de autor Francisco Seco/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
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Primeiras remessas deverão chegar no início da próxima semana.

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O novo pacote de ajuda militar dos Estados Unidos, no valor de 61 mil milhões de dólares (57 mil milhões de euros), poderá ajudar a Ucrânia a evitar a derrota na sua guerra com a Rússia.

As armas e munições incluídas deverão permitir à Ucrânia travar os avanços do exército russo e bloquear os seus ataques a tropas e civis.

“Na linha da frente, as pessoas precisam sobretudo de calibres diferentes e também de algumas bombas de aviação, bombas guiadas e coisas do género. Os russos estão a preparar uma contraofensiva e precisamos de material maciço para os travar”, sublinha Davyd Arakhamia, deputado do partido Servo do Povo do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy

O reforço do material de guerra dará tempo à Ucrânia para planear a longo prazo a forma de recuperar a quinta parte do país atualmente sob controlo russo.

"Provavelmente, esperamos que as forças armadas peçam aos soldados que aguentem posições na linha da frente. Depois de receberem todas as munições e todos os sistemas a meio do verão, durante esse período em que os soldados vão resistir, será preparada a nova estratégia de operações defensivas", explica Vadym Ivchenko, deputado da oposição e membro da Comissão de Segurança Nacional, Defesa e Informações do Parlamento ucraniano.

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou o pacote de ajuda no sábado, após meses de atrasos provocados por alguns republicanos receosos do envolvimento dos Estados Unidos no conflito.

O Senado aprovou nas últimas horas 89 mil milhões de euros em ajuda de guerra à Ucrânia, Israel e Taiwan, enviando a legislação ao presidente Joe Biden, que já prometeu disponibilizar a ajuda a Kiev "rapidamente".

O projeto de lei foi aprovado no Senado por uma esmagadora maioria de 79 votos a favor e 18 contra.

Quando será notada a ajuda?

A diferença poderá ser sentida dentro de dias na linha da frente no leste e no sul da Ucrânia, onde o exército russo, muito mais numeroso, tem vindo a conquistar lentamente território contra as forças ucranianas, que estão em grande desvantagem.

A aprovação da ajuda significa que a Ucrânia poderá libertar munições de artilharia que tem estado a racionar nas suas reservas cada vez mais reduzidas. Mais equipamento chegará em breve das reservas americanas na Polónia e na Alemanha e, mais tarde, dos Estados Unidos.

As primeiras remessas deverão chegar no início da próxima semana, disse Davyd Arakhamia. “A primeira parte já está montada e aguarda o envio."

“Felizmente, a logística para o envio está bastante bem estabelecida e não demora mais de 48 horas a chegar à linha da frente”, acrescentou.

Mas o deputado da oposição Vadym Ivchenko, membro da Comissão de Segurança Nacional, Defesa e Informações do parlamento ucraniano, lembra que os desafios logísticos e a burocracia podem atrasar os carregamentos para a Ucrânia em dois ou três meses, e até mesmo mais tempo.

Embora os pormenores das remessas sejam confidenciais, as necessidades mais urgentes da Ucrânia são os projéteis de artilharia para impedir o avanço das tropas russas e os mísseis antiaéreos para proteger as pessoas e as infraestruturas de mísseis, drones e bombas.

Pacote de assistência dos EUA é suficiente?

Os deputados em Kiev reconhecem que a esperança de futuros avanços para a Ucrânia ainda depende de uma entrega mais atempada da ajuda ocidental.

Muitos especialistas acreditam que tanto a Ucrânia como a Rússia estão exaustas por dois anos de guerra e não serão capazes de montar uma grande ofensiva - capaz de obter grandes ganhos estratégicos - até ao próximo ano.

Ainda assim, a Rússia está a avançar em vários pontos ao longo da frente de mil quilómetros, utilizando tanques, tropas de infantaria e bombas planadoras guiadas por satélite para atacar as forças ucranianas.

A Rússia também está a atingir centrais elétricas e a bombardear a segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, que fica apenas a cerca de 30 quilómetros da fronteira russa.

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Ivchenko disse que o objetivo das forças ucranianas agora é aguentar a linha da frente até que a maior parte dos novos abastecimentos chegue em meados do verão. Até lá, a Rússia vai tentar conquistar a cidade de Chasiv Yar, o que lhe abriria caminho para avançar até Kostiantynivka.

Nessa altura, poderão concentrar-se na tentativa de reconquistar o território recentemente perdido na região de Donetsk.

“E provavelmente... no final do verão veremos algum movimento, um movimento ofensivo das forças armadas ucranianas”, adiantou Ivchenko.

Alguns peritos militares duvidam de que a Ucrânia disponha dos recursos necessários para montar pequenas ofensivas em breve.

Na melhor das hipóteses para a Ucrânia, a ajuda americana dará aos comandantes tempo para reorganizar e treinar o seu exército - aplicando as lições aprendidas com a sua fracassada ofensiva do verão de 2023.

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A assistência de Washington pode também galvanizar os aliados da Ucrânia na Europa no sentido de aumentarem as contribuições a Kiev.

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