Bombas russas atingem Odessa e Ucrânia investiga a morte de 19 soldados

Um dos edifícios atingidos no domingo pela Rússia em Odessa
Um dos edifícios atingidos no domingo pela Rússia em Odessa Direitos de autor Governo municipal de Odessa via AP
Direitos de autor Governo municipal de Odessa via AP
De  Francisco Marques
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Com reivindicações de sucessos de parte a parte na linha da frente, Rússia recusa negociar com EUA devido ao alegado uso ucraniano de armas americanas de longo alcance

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Rússia provoca feridos e estragos em novos bombardeamentos sobre Odessa e Ucrânia abre investigação ao ataque russo em Zaporíjia que matou quase 20 soldados.

No sul da Ucrânia, junto ao Mar Negro e no muito longe da Moldávia, pelo menos oito pessoas ficaram feridas e mais de 30 edifícios residenciais danificados após bombardeamentos russos sobre a região de Odessa, na noite de domingo.

Cinco das vítimas necessitaram de receber assistência hospitalar, mas estão estáveis, informou o chefe da administração militar de Odessa.

As bombas russas danificaram também um museu de arte, noticiou a agência Interfax.

Entretanto, as forças armadas ucranianas confirmaram a morte de 19 militares, vítimas na semana passada de um ataque russo com um míssil "Iskander-M", na região de Zaporíjia.

A Ucrânia abriu uma investigação para apurar responsabilidades e o presidente espera poder dar "respostas honestas" às famílias das vítimas.

"O importante é apurar toda a verdade sobre o que aconteceu e evitar que tal se volte a passar. Cada soldado no terreno de combate, na área de reconhecimento aéreo e tiro do inimigo, sabe como se comportar a céu aberto e como se manter em segurança. Agora, a investigação deve dar às famílias enlutadas e ao público em geral respostas honestas sobre como a tragédia aconteceu e quais foram as ordens erradas", afirmou Volodymyr Zelenskyy, num dos seus habituais vídeos selfies (autogravados) e partilhados pelas redes sociais.

Sucesso reclamados de parte a parte

Na linha da frente, a Ucrânia reclamou esta segunda-feira de manhã ter conseguido de véspera avanços na região de Bakhmut e na zona leste de Kherson.

Já a Rússia reclamou a destruição de artilharia ucraniana em Kupyansk e anunciou o início da construção de uma linha férrea de Zaporíjia para Rostov-O-Don, no território russo, com estações em Berdyansk e Mariupol, ainda no território reconhecido internacionalmente como ucraniano.

"Vamos resolver os problemas dos militares e, o mais importante, a questão da exportação de cereais para o continente, da exportação de minério de ferro, sucata e carvão", explicou Evgeniy Balitsky, o líder russo da região ocupada de Zaporíjia.

Ataques ucranianos afetam programa nuclear

O chefe da diplomacia russa acusou entretanto a Ucrânia de estar a recorrer a armas de longo alcance fornecidas pelos Estados Unidos para atacar bases estratégicas russas e, com isso, Sergei Lavrov explicou a recusa da Rússia em negociar com Washington a retomada do START, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas.

"Como podemos permitir que os americanos entrem nas nossas instalações nucleares, e eles há muito que o tentam, se eles fornecem aos ucranianos armas de longo alcance que já foram usadas para tentar ataques contra as nossas bases estratégicas. Em particular as bases de bombardeiros nucleares estratégicos", afirmou Lavrov, lançando suspeitas de que os EUA estejam inclusive a ajudar a Ucrânia "com informações para atingirem objetivos importantes".

Lavrov lembra que o START foi estabelecido numa base de confiança mútua em que Estados Unidos e Rússia não são rivais. "Tudo isso foi espezinhado e, rasgado e metido no lixo pelos americanos", acusou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência estatal russa Tass.

O Presidente Vladimir Putin anunciou a 21 de fevereiro deste ano a suspensão da participação da Rússia no tratado START e para voltar a considerar o regresso à mesa teria de levar em conta não só o arsenal nuclear dos Estados Unidos, mas também os de outros membros da NATO como o Reino Unido ou a França.

Outras fontes • AP, AFP, Interfax, Tass

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