O impasse na linha da frente deve-se em parte à ausência de armas estratégicas, como os aviões F-16, e à "proibição" imposta pelos aliados para levar a guerra até ao território russo
Quando a Ucrânia lançou a tão aguardada contraofensiva no início de junho, a esperança era grande. Afinal, o exército de Kiev tinha a seu favor a rápida reconquista de território perdido aquando da invasão russa. No entanto, a linha da frente pouco se moveu desde o início de verão.
Enquanto a Ucrânia preparava a contraofensiva, a Rússia fortificava as suas posições. Uma solidez que de momento não parece poder ser colocada em causa, a menos que os ucranianos recebam os aviões prometidos pelos aliados.
Para Jean-Pierre Maulny, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (França): "A relativa falta de sucesso deve-se sobretudo ao facto de a Ucrânia não poder atacar em profundidade o território estratégico da Rússia. Estes aviões de combate só estarão operacionais na primavera do próximo ano. E, mais uma vez, quando digo que não podem atacar em profundidade o território russo, trata-se muito simplesmente de um limite e de uma restrição que foi imposta pelo Ocidente desde o início do conflito. Disseram claramente que o conflito não deve estender-se ao território russo."
Com o aproximar do inverno, caem as perspetivas de avanços. A Ucrânia vai passar os próximos meses sem novas armas enquanto se mantém vigilante às movimentações do inimigo.
Max Bergmann, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (EUA), considera "que a Rússia vai fazer o que fez no ano passado e tentar atacar cidades, infraestruturas e centrais nucleares ucranianas para cortar a eletricidade. O que a Rússia espera fazer é esgotar a vontade dos ucranianos, mas também esgotar as suas defesas aéreas, para que a Ucrânia tenha de escolher entre defender a sua linha da frente ou as suas cidades."
O esforço de guerra ucraniano depende do que for decidido em Washington. Se os Estados Unidos não renovarem a ajuda financeira e militar, os aliados europeus serão incapazes de manter a máquina de guerra de Kiev a funcionar ao mesmo nível. E no seio dos 27 há já quem tenha retirado o apoio militar à Ucrânia, é o caso da Polónia e da Eslováquia.